29.12.08

Fé e Obras - Tiago 2:14-17 e Efésios 2:8-10

Repito e tornarei sempre a repetir quando for necessário: A Religião ensina que devemos fazer boas obras para ser salvo. Mas o evangelho ensina que somos salvos pela graça para fazermos boas obras que evidenciam nossa salvação.

Infelizmente isso não tem sido entendido pelos evangélicos. De um lado, temos aqueles religiosos extremados: Fazem muitas boas obras de caridade na esperança de serem perdoados de seus pecados e garantirem seu terreno no paraíso eterno. E de outro lado, aqueles que dizem que são salvos pela graça, mas não fazem nada para evidenciarem sua salvação, regeneração, conversão e que são discípulos de Cristo para o mundo.

Os dois textos citados acima são claros e acabam com esses extremos da religião: Pela graça somos salvos; e por isso, fomos criados em Cristo Jesus para fazer boas obras. Sendo assim, aquele que diz ter fé e não a evidencia pelas suas boas obras, essa fé está morta. Este nunca foi salvo. E aquele que diz que contribui para comprar a salvação, anula a graça da cruz de Cristo, nunca foi salvo de si mesmo nem contribui com generosidade incondicional; mas sim, faz doações com segundas intenções, a saber, ganhar créditos no céu para ser salvo.

Aplicando esses textos a tudo o que estamos sabendo sobre a tragédia no estado de Santa Catarina, não podemos cruzar os braços na inércia, exclusivamente dobrar os nossos joelhos e orar com fé, despedindo nossos irmãos alagados dizendo: “Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos”. Nem muito menos podemos dizer: “Vamos todos fazer caridade para que Deus no dê sua vida eterna”. Nem muito menos jogar esse sofrimento humano para a “espiritosfera” e fabricar uma batalha espiritual ilusória, dando gritos de ordem contra os demônios das tempestades, nem soltar verbos imperativos aos quatro ventos contra o demônio dos alagamentos. Não podemos fazer isso de braços cruzados, como sublimação dos demônios da indiferença que estão possuindo o coração de muitos religiosos evangélicos que preferem subir nos trio-elétricos na marcha ré do evangelho e soltar suas vozes nos púlpitos e palcos dos shows gospel a estender a mão e levantar os caídos e desesperados de Santa Catarina. Acredito que tem muitos evangélicos dizendo uma coisa ou outra; ou todas elas.

Também, essa não é a hora de fazer uma teodisséia acerca das chuvas, alagamentos, desabamentos, desabrigados e mortes. Fazendo uma teodisséia ou não, o sofrimento humano estará sempre inserido em nosso planeta. Essa não é a hora de ficar na arquibancada analisando o que acontece no campo alagado da vida, nem se esconder nas salas de ar-condicionado escrevendo sobre tragédias, nem muito menos ser inflamado pela verborragia hipócrita do discurso do “faça o que digo, mas não faça o que faço”.

Na verdade, essa é a hora de enxergarmos Jesus no rosto do oprimido e encorajá-lo, na vida do desabrigado e acolhê-lo, naquele que está nú e vestí-lo, nos que tem fome e alimentá-los; enfim, servir às pessoas servindo a Cristo, para que “assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está no céu.” Mt 5:16.

A comunidade cristã onde convivo já arregaçou as mangas e está contribuindo com os nossos irmãos de Santa Catarina. Espero que a motivação da contribuição não seja para merecer a salvação nem para criar um ringue de competições e comparações para saber quem dá mais no leilão da justiça própria; mas sim, doar porque já somos salvos pela graça; e por isso, somos chamados para contribuir pela graça de Deus com os necessitados.

Em Cristo, que nos ensinou a graça de doar doando

Jairo Filho

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

25.12.08

Os únicos filhos malditos

O filho, na perspectiva cristã, é um presente de Deus para o casal, é a melhor herança que se pode ganhar. É o selo, o fruto de uma só carne, a expressão do amor do homem e da mulher. Todavia, muitas vezes no afã de querer proteger demais o nome da instituição, as igrejas conseguem tornar maldito tudo o que foi abençoado por Deus, assim ocorreu com o sexo, com a música e com os filhos.

Espantosamente cresce o número de moços e moças que se tornam pais e mães antes de se casarem, e não se assuste, pois isso cresce espantosamente nas nossas igrejas evangélicas. E todos sabem o que acontece a estes. Eles são altamente recriminados pela igreja, pois se existe um pecado imperdoável esse pecado é o sexo. É exatamente isso que acontece com a maioria dos casais de namorados que na sua juventude transam descuidadosamente e depois descobrem que estão à espera de um filho. Eles são disciplinados fortemente pela igreja. O fato se torna vulgar, todos sabem, todos comentam. Eles passam a ser olhados de forma diferente nos cultos. Muitos amigos se afastam e pouco a pouco eles se distanciam da comunidade deixando de congregar com os irmãos.

Na tentativa de jogar a água suja, a igreja joga o bebê junto. Isso ocorre literalmente, pois os filhos desses casais nascem sob uma maldição, nascem com o estigma de um descuido dos pais, nascem como algo que aconteceu e não deveria nunca ter ocorrido. Filhos que recebem, às vezes, o ódio da mãe e do pai por ser a causa da vergonha de uma falha em uma hora errada. Filhos que recebem a rejeição muitas vezes da própria família. Filhos e Filhas que se tornam malditos perante o mundo religioso.

Lembro-me do dia em que minha irmã foi contar para o meu pai que estava grávida. Ela estava morrendo de medo, pois meu pai era líder na igreja e isso soaria muito mal para sua reputação. Meu pai estava fazendo uma vitamina para o café, minha irmã se aproximou e desabafou em meio às lagrimas. Meu pai não respondeu nada, permaneceu em silêncio com a cara fechada. Nesse instante, toda a casa foi tomada por um silêncio, só ouvíamos o suspirar de minha irmã. Após alguns minutos, meu pai se dirigiu a ela com um copo de vitamina dizendo: Toma isto, pois irá fazer bem para o meu neto. Imediatamente, lembrei-me das palavras de Jesus: “Se vós que sois mal sabem dar bons presentes aos seus filhos imagine Deus que é Bom...” (Mt 7.11).

Não quero defender a idéia de que ser pai antes de casar é correto, mas estou cansado de ver adolescentes e jovens morrendo espiritualmente por causa da intolerância religiosa que valoriza a moralidade em detrimento da misericórdia.
Reafirmo a benção que é ter filhos e filhas no momento oportuno dado por Deus que é o casamento. E que em Deus somos abraçados pelo arrependimento e restaurados pela graça, e Nele nós e nossos filhos nos tornamos Bem-Aventurados!

24.11.08

te(cn)ologia

Se as palavras são construções
e os conceitos estão nas palavras
Deus simbolizaria a grandeza de seus aceanos,
deus evidenciaria a pequenez de seus caminhos.

Cada nome um todo mundo de compreensões.
Cada verso, minérios e mistérios tecnológicos.

7.11.08

Vida Instável

Ontem, acordei no útero
Hoje, vivo minha vida
Amanhã, dormirei na sepultura

Ontem, eu não era
Hoje, eu sou eu nas minhas circunstâncias
Amanhã, não serei mais o que sou hoje

Ontem, esperava o amanhã
Hoje, lembro-me de ontem
Amanhã, viverei o hoje

Ontem, não estava aqui
Hoje, voltei pra ficar
Amanhã, posso sair

Ontem, tinha a convicção da minha tese
Hoje, abri mão e ouvi a antítese
Amanhã, faço a síntese virar tese da antítese.

Ontem, era ateu
Hoje, tenho fé em Deus
Amanhã, vida eterna

Ontem, tinha fé
Hoje, tenho dúvidas
Amanhã, só Deus sabe

Ontem, queria desistir de tudo
Hoje, quero mudar o mundo
Amanhã, eu nem sei se mudarei a mim mesmo

Ontem, minh’alma estava pertubada
Hoje, estou em paz
Amanhã, quem sabe do meu estado de espírito?

Ontem, estava só
Hoje, estou com você
Amanhã, ainda quero você

Ontem, eu te vi
Hoje, quem te viu, quem te vê!
Amanhã, quem é voce?

Ontem, demos as mãos
Hoje, rimos de mãos dadas
Amanhã, choraremos de mãos separadas?

Ontem, inimigo
Hoje, amigo
Amanhã, herói ou traidor?

Ontem, te amava
Hoje, me esquece
Amanhã, volta pra mim

Ontem, você me abraçou
Hoje, você me bateu e me abateu
Amanhã, ofereço a outra face do perdão

Ontem, tinha você perto de mim
Hoje, você está longe de mim
Amanhã, espero te reencontrar em mim

Ontem, decepção
Hoje, lamentação
Amanhã, esperança

Ontem, sonhei
Hoje, realizei
Amanhã, tudo outra vez

Ontem, tinha medo
Hoje, coragem
Amanhã, espero a vitória

Ontem, era analfabeto
Hoje, leio e escrevo
Amanhã, serei autor de livros

Ontem, pensei em escrever isto
Hoje, escrevi isto
Amanhã, posso apagar tudo isto

Ontem, fui
Hoje, sou
Amanhã, serei

Ontem, só tu és o mesmo Deus no mesmo dia.
Hoje, só tu és o mesmo Deus no mesmo dia.
Amanhã, só tu és o mesmo Deus no mesmo dia.

“Nada é permanente, senão a mudança” (Heráclito). Vivemos em constante trasição. Às vezes, somos estáveis; outras vezes, somos dinâmicos e instáveis; mas sempre mudando e sendo mudados; seja em evolução, involução ou destruição. Esta mesclagem de sentimentos e movimentos da vida em constante mutação, nos fazem ser quem éramos, quem somos e quem seremos: Criaturas humanas instáveis. Mas só Deus é o mesmo ontem, hoje e amanhã no mesmo dia.

Assim, posso completar: realmente, nada é permanente, exceto a mudança de nós mesmos e o caráter de Deus. E por isso, entrego minha finita vida instável ao Deus eterno e imutável.

Em Cristo,o imutável

Jairo Filho

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

3.11.08

O senhor e os pombos

Em uma bela praça um homem já de idade avançada senta todas as tardes logo após o almoço no canto de um velho banco de madeira que fica no meio da praça abaixo de uma imensa árvore de João Bolão, que na época da primavera colore o lindo gramado com seus frutos de cores escuras criando assim um contraste com a verde grama, que por sinal, ainda esta amassada e com as marcas dos pés das crianças que todas as manhãs divertem-se jogando bola, fazendo das médias árvores de jequitibá os próprios gols desse campo improvisado.

Toda tarde, ou na maioria delas, o senhor esta lá, sentado em seu velho banco com um divertimento um pouco estático. Ele carrega consigo uma sacola com muitas migalhas as quais joga no gramado para alimentar os muitos pombos que se aglomeram em seu redor esperando receber parte dessa alimentação. Alguns vizinhos não gostam da idéia do velho senhor, alegam que essas aves são transmissoras de doenças, entretanto o velho sempre se defende dizendo que cuidar dos pombos é algo de classe e ainda cita os elegantíssimos parques dos países de primeiro mundo onde é visto sempre centenas de pombos em meio a neve.

Do outro lado da praça, em uma avenida, pode se ver um jovem em meio aos muitos carros e pessoas, o curioso é que todas as vezes que ele passa em frente a praça, seus olhos procuram unicamente a imagem desse senhor e quando encontra permanecem fixos demonstrando um misto de ternura e saudade, amor e distância, carinho e dó. É perceptível em seu olhar o desejo de se assentar ao lado desse senhor, mesmo que não se tenha assunto, ou mesmo que impere a vergonha, o fato é que o desejo é grande, e isso é recíproco, pois ao ver a figura do jovem na avenida o senhor expressa em seu olhar uma grande admiração por esse rapaz.
Eles estão tão pertos, porém muito distantes.

Entre a avenida e a praça há uma grande barreira de bombos que da perspectiva do jovem não pode ser transpassada sem que sejam espantados causando assim a ira do velho senhor. Por outro lado no pensamento do senhor, os pombos não valem de nada, pois o seu desejo maior é a companhia do jovem.
O desejo do jovem é correr como criança e sentar ao lado do senhor.
O desejo do senhor é receber o jovem para uma boa conversa amiga.
Eles estão tão pertos, porém tão longe.

14.10.08

Eu me amo e não negocio

O que é o amor? Sabe-se lá. Depende de como você é interpretado pelo seu mundo ou como você o interpreta. E haja mundo(s)! – para tantos e outros e nós todos. Para se ter e ter. E quem é o rei? Quem se ama (óbvio!). Bem-vindo, novamente, ao (des)amor nosso de cada dia.

Jesus propôs a palavra e o significado do verdadeiro amor ao se utilizar da expressão: “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.39). Entendamos aqui que a condição para amarmos ao próximo é amarmos, antes, a nós mesmos: “(...) como a ti mesmo”. E isso é inegociável.

Diante disso podemos pensar que o amor-próprio é chave e é lança. Nunca o paradoxo, mas um e pronto. È lança contra o próprio peito se for decisão egoísta. O tipo de “amor” mundano-moderno é suicidógeno porque busca prioritariamente a sobrevivência dos desejos do indivíduo em detrimento do resto, e haja restos, mas, como consequência, produz, aos pedaços, a morte do amante. Por outro lado, o Nazareno propõe o amor como chave. Este seria o amor agapizado. Ágape é um termo grego que deve ser entendido como um ato de decisão solidária, um gesto de auto-doação pleno vinculado não meramente às emoções, mas associado à mente e a vontade. E, de acordo com o texto que citamos, esse ágape cristão inclui o amor-próprio. Este tem o poder de nos desvendar. Destranca-nos e protege-nos contra as imperfeições da existência. Ilumina-nos com a pureza graciosa de Deus.

Esta dimensão do ágape difere qualitativamente dos amores sociais e filosóficos de todas as épocas. Estes são amores condicionados por serem construídos pelo humano. Como é o caso, pra citarmos apenas um exemplo, do amor cortês. O ágape, por sua vez, pode ser discernido pelo critério da vida. Ele sempre gera a vida; produz rebentos no deserto da alma. E onde reside a vida não há brecha para a morada de pseudo-amores capitalistas, consumidores de muitos em serviço de alguns. Ah, quero aproveitar o assunto e sugerir um adendo à reforma ortográfica da língua portuguesa: que “amor” e “vida” sejam uma palavra só; pras gentes não se esquecerem que uma nasceu grudada na outra.

Só me resta fazer uma opção dramática: me decidi por mim. Eu me amo e não negocio. Eu me ágape. Assim, vou ler menos o que me impõem e mais o que quero. Desligar a TV mais vezes. Abraçar aos pares. Sonhar sem reservas e esperas. Beijar de surpresa. Aprender outras línguas; falar na gíria. Construir amizades e perder mais dinheiro. Orar sem pressa. Dormir mais. Perdoar e perdoar. Dançar sem timidez e florir meus amores. Enfrentar as dores. E olhar o mundo. Poetizar sorrisos e lágrimas. Estar tão longe e tão perto. Tão lá e tão aqui. E desenhar na areia e me cobrir com ela. Que seja isso tudo! Que não seja tão tarde o amar abençoado! Já que sempre e sempre haverá tempos, ainda que o tempo não nos compreenda.

09/10/2008

26.9.08

Sexo fora do casamento

Eis 10 advertências sobre o sexo fora do casamento:

1. Sexo fora do casamento carrega para o relacionamento uma bagagem de mil memórias e fantasias passadas com outros. Disso, surge insegurança, incertezas, desconfiança, ciúme doentio, engano, cobiças, infidelidade, comparações e a insatisfação consigo mesmo(a) e com parceiro(a).

2. Sexo fora do casamento gera o relacionamento do “ficar” juntos sem compromisso. Isso gera encontros episódicos, superficiais e descartáveis em torno da realização egoísta de performances das taras sexuais.

3. Sexo fora do casamento cria aquela ansiosa sensação de que se pode ser abandonado e substituído a qualquer momento pelo parceiro(a). Assim, você sente nojo de si mesmo, desvalorizado, abusado, e usado como objeto descartável.

4. Sexo fora do casamento cria a falsa sensação de privação que gera a curiosidade de ter novas experiências, sensações e gostos. E com isso, surge o medo de ser trocado a qualquer momento por outro melhor após uma breve comparação e conclusão de insatisfação. Assim, após experimentar o sexo, surge a sensação: “não era bem você que eu queria para mim. Acho que tem alguém melhor do que você pra mim”.

5. Sexo fora do casamento cria o “sexocentrismo”. Ou seja, pode surgir um relacionamento centralizado no sexo. Para muitos, a falta de uma constante, intensa, viciosa e frenética relação sexual é a prova do surgimento de diálogos superficiais com trocas e chantagens em nome do prazer. Ou seja, uma vida em torno do sexo diz que sem sexo é impossível ter relacionamento.

6. Sexo fora do casamento pode usar o sexo como único e exclusivo tempero da relação ou como instrumento de solução de problemas do casal. A trilha sonora do romance de muitos casais é: “E de dia a gente briga, mas a noite a gente se ama. As nossas diferenças acabam no quarto em cima da cama”.

7. Sexo fora do casamento possibilita a formação de lares desestruturados. Pode surgir a gravidez na adolescência, mães solteiras, filhos órfãos, formação familiar sem estabilidade financeira básica, sem residência emancipada dos pais...e etc.

8. Sexo fora do casamento gera o risco da contaminação de doenças sexualmente transmissíveis. A cada dia mais aumenta o número de pessoas com a vida na promiscuidade sexual, contaminadas com o vírus HIV e doenças venéreas.

9. Sexo fora do casamento fere a alma com paixões relâmpagos. A maioria dos namoros adolescentes não se transforma em casamento, e, assim sendo, são rompidos com muita frustração e rapidez. Na adolescência, é fácil confundir atração sexual e paixão com amor verdadeiro e eterno. Após terem uma relação sexual, o casal experimenta uma super intimidade que logo mais vai ser rompida pela conclusão de que tudo não passou de uma paixão passageira ou que nunca houve amor verdadeiro.

10. Sexo fora do casamento resume o sexo somente à penetração, a libido e instinto animal. A mentalidade pós-moderna tem banalizado, bestializado e desumanizado o sexo como uma relação apenas genitália-genitália divorciada do coração.

Assim, pense nisso e tenha cuidado.

Sexo seguro é somente no casamento por amor.

Jairo Filho

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

8.9.08

Liderança não tão corajosa

Faz tempo que venho ouvindo falar do famoso Bill Hybels e da mega igreja que ele tem nos Estados Unidos. Aproveitando um trabalho da pós que estava fazendo em Teologia Urbana, comprei o livro “Liderança Corajosa” para fazer uma resenha.

O livro é muito bom e dá muitas dicas para quem é líder de qualquer ministério eclesiástico. Mas, sabe como eu sou... Aprendi a não engolir o que eu leio sem antes mastigar.

A certa altura do livro o senhor Hybels escreve que para ser de sua equipe, o líder precisa ter os três “C”: Competência, Caráter e Compatibilidade.

Logo que li pensei: nossa, realmente, como seria mais fácil se toda a minha equipe tivesse os três “C”. Que fossem competentes em todas as tarefas que recebessem e, que eu pudesse confiar plenamente no caráter de cada um e que tivessem compatibilidade plena com as idéias e projetos que Deus me deu.

Mas esse é o problema de tratarmos a igreja e os ministérios dela do mesmo jeito que o mundo corporativo. Tudo parece tão certinho e bem feito, mas quando passamos no crivo da vida de Jesus Cristo, vemos que os resultados a qualquer custo não eram um valor que ele viveu ou pregou. Isso diferencia radicalmente o mundo corporativo e a igreja que Deus planejou.

Vemos nos exemplos de Jesus e seus discípulos os três C caírem por terra. A competência nunca foi o forte dos discípulos, depois de muito tempo com o mestre não conseguiam expulsar demônios (Mt 17:16), nem curar, ou dar de comer ao povo (Mc 6:37). Quanto ao caráter, Pedro não estaria na equipe depois de ter negado Jesus três vezes (Mt 26:34), Natanael por ser racista com os Nazarenos (Jo 1:46) e, Tiago e João querendo passar a perna nos outros para ser o maior de todos (Mc 10:37). Quanto à compatibilidade acredito que todos não passariam no teste, pois até a ressurreição não tinham nenhuma compatibilidade com as idéias do mestre, uns queriam que ele fosse rei e Cristo falou que não, outros queriam que o reino chegasse por espada e Cristo falou que não; Jesus falou que iria para cruz e eles não queriam deixar e, principalmente Judas que, mesmo com a clara incompatibilidade em todas as áreas, Jesus andou ao seu lado até a última hora dando a oportunidade para ele se arrepender.

Pois é, seria muito bom ter uma equipe do jeito que Bill Hybels falou. Como cresceriam as nossas igrejas e os nossos ministérios! Mas Hybels fala para encontramos pessoas competentes, Jesus pessoas que querem viver o reino de Deus. Hybels quer apenas os de caráter, Jesus pessoas que saibam o que é certo e que saibam se arrepender. Por último, Hybels fala que o líder precisa ter compatibilidade com você e Cristo fala que tem apenas que estar disposto a amar.

Mesmo o livro tendo várias coisas boas e que podemos aproveitar, está posto a mesa: de quem você vai querer seguir o exemplo ministerial? Posso garantir que o resultado de um é de crescimento rápido e o outro mais devagar, mas dura há mais de dois mil anos. Lembrando que o líder da segunda opção acabou morto!

22.8.08

Sexo no casamento

Após os primeiros 6 meses casado, resolvi escrever 6 conclusões sobre o sexo no casamento. Vejam só:

1. O sexo no casamento é possível porque Deus criou o ser humano sexualmente atraído pelo sexo oposto. Deus criou todo o corpo humano inclusive os órgãos genitais, “e tudo havia ficado muito bom(Gn 1:31). Isso significa que Deus criou seres humanos sexuados com o apetite sexual direcionado ao sexo oposto. Ou seja, a atração sexual pelo sexo oposto não é pecado, pois foi criada e desfrutada antes da queda.

2. O sexo no casamento é criação de Deus aprovada por Jesus (Gn 2: 24, Mc 10:6-9, Mt 19:4, 5). Deus criou homem e mulher programados para se tornarem uma só carne na vida sexual do casamento. O sexo no casamento acontece quando o homem e mulher emancipam-se da suas respectivas famílias para formarem outra família. E isto é uma benção de Deus, pois é “muito bom”. Assim, sexo não é pecado, pois, o sexo no casamento é honroso e sem mácula (Hb 13:4). O sexo só se tornou pecado após a queda, quando foi distorcido pelos pecadores que praticam fora dos planos de Deus.

3. O sexo no casamento foi criado por Deus como uma relação heterosexual (Gn 2:23-24,). Isso significa que a sexualidade do casamento, construída sobre a verdade da palavra de Deus, exclui todas as distorções sexuais surgidas após a queda. Assim, a necrofilia (sexo com cadáveres) e a zoofilia (sexo com animais), desumaniza o padrão divino como uma aberração, porque Deus criou o ser humano para satisfazer-se sexualmente apenas com outros seres vivos da mesma espécie. Assim também, o homosexualismo (relação sexual com pessoas do mesmo sexo), fere o padrão de Deus, porque Deus criou originalmente o homem e a mulher para a satisfação com o sexo oposto.

4. O sexo no casamento é uma relação monogâmica de amor livre e incondicional (I Co 7: 2). O matrimônio monogâmico heterosexual foi criado para o casal se tornar uma só carne de corpo e alma como fruto de um amor livre, verdadeiro, incondicional e indissolúvel. A relação sexual do casamento produz unidade, intimidade, entrega, extensão do ser, complemento mútuo, conhecimento pessoal e espiritual, entrelaçamento de mente, coração, corpo, emoções e sentimentos, satisfação sexual, realização pessoal e felicidade. Assim, o estupro (violência sexual), o sadismo (prazer em fazer sofrer) e o masoquismo (prazer no sofrer) violentam o propósito sexual de Deus, uma vez que o ato sexual deve ser por livre manifestação da vontade com um ato construtivo de afeto, carinho e bem estar físico e emocional. Da mesma forma, a prostituição exclui o amor no sexo conjugal programado por Deus, por ser um ato de barganha, negócio, fonte de remuneração ou recompensa. E também, a masturbação (quando opção permanente da busca solitária e egoísta do prazer, por meio de excitações com mãos ou objetos), o sexocentrismo (lascívia, sexomania, obsessão sexual) o adultério (infidelidade conjugal) ferem o padrão divino da relação recíproca, mútua e conjugal de cumplicidade, entrega e despreendimento do sentimento sexual dado saudavelmente e satisfatoriamente a um único cônjuge por amor. (Pv 2:16-19, 5: 15-20, 6: 20-35, 7:6-27).

5. O sexo no casamento é a relação ideal para a reprodução humana saudável (Gn 1:28a). Deus deixou ao ser humano a incumbência e a capacidade da fertilidade para a procriação. E a relação sexual no casamento oferece a santa oportunidade de tornar o casal em pai e mãe e formarem uma nova família. Quando a gravidez surge do casamento, a criação dos filhos tem mais chance de ser mais saudável. Assim, o aborto (homicídio do feto ainda no útero) e o incesto (relação sexual com parentes próximos) ferem o padrão de Deus da procriação na amplitude da espécie, fertilidade, formação de uma nova família e da preservação da vida humana.

6. O sexo no casamento é uma livre relação de prazer sem culpa ou medo. Deus determinou que o ato sexual fosse praticado para o prazer mútuo como fonte de satisfação sexual e realização pessoal. “Alegre-se com esposa da sua juventude...que os seios de sua esposa sempre o fartem de prazer e sempre o embriaguem os carinhos dela” (Pv 5:18, 19). O ato sexual no casamento deve proporcionar prazer e satisfação total aos dois, não praticado apressadamente, e nem deve ser suportado por um dos cônjuges e desfrutado pelo outro. Assim, as carícias e a estimulação mútua formam o prelúdio da harmonia sexual do casal. Porque, o homem e a mulher possuem carências sexuais que devem ser supridas e satisfeitas no matrimônio, uma vez que, o corpo de cônjuge é direito do outro para ambos satisfazerem os apetites sexuais verdadeiramente com amor (I Co 7: 2-5). Dessa forma, o sexo no casamento é o contexto onde a delícia da relação sexual realmente é desfrutada livre das distorções sexuais, complexos de culpas e feridas de alma (Ct 1: 2; 4:7, 9 – 11; 7: 1-10).

Jairo Filho

30.7.08

Ave Maria mãe de Deus...

Esse é o jargão comum das rezas de todos os católicos romanos, que compartilham conosco a fé em Jesus Cristo filho de Deus, o qual morreu e ressuscitou, perdoando nossos pecados e oferecendo um justo e agradável sacrifício ao Senhor.
O Brasil, religiosamente, é marcado por um cisma entre protestantes, chamados modernamente de evangélicos e os católicos romanos. Ambos os grupos são definidos como cristãos, entretanto, esses grupos não se juntam de maneira alguma. Isso ocorre por convicções doutrinárias e interpretativas.

Uma das distinções visíveis entre um cristão católico e um cristão evangélico é a maneira de se comunicar com Deus. No meio evangélico, denominamos essa comunicação de oração. Entre os católicos, se denomina reza. As duas palavras têm um mesmo sentido semântico, porém possuem estruturas diferentes.
Na oração protestante, a teoria diz: “Deve ser dito a Deus as palavras que vêm do coração.”
Na reza católica, é dito: “Devemos repetir as palavras pré-estipuladas por homens santos e piedosos a Deus.”

Digo isto, pela seguinte descoberta que fiz recentemente em uma auto-análise: Em minha vida de oração, teoricamente sou protestante, mas em minha prática diária dessa disciplina espiritual sou católico romano, e ainda por cima, católico roxo.

Minhas orações para a alimentação não fogem de frases como: Obrigado pelo alimento; não deixe faltar na mesa de ninguém; abençoe as mãos que prepararam.
Minha oração pelos meus pecados se resumem em frases do tipo: Deus, eu nunca mais farei isso. Senhor, perdoe as minhas falhas. Livra-me do mal, meu Pai (tem que por o Meu Pai no final pra endossar o pedido).
Quando alguém compartilha um problema pra mim e pede pra eu orar, sempre digo: Deus, tu sabes todas as nossas inquietações. Entrego em tuas mãos, a vida e os problemas do meu irmão.

Poderia escrever dez folhas somente contendo frases das minhas rezas para Deus. Eu estou chegando ao ponto de lançar a Oração Fast Food, onde somente digo a Deus: Senhor abençoe o pedido Nº 1 (que se refere ao alimento que vou ingerir).
As minhas orações e a da maioria dos evangélicos do Brasil não passam de rezas sem sentidos, de vãs repetições, de palavras sem sentimentos, de confissões sem arrependimentos, de pedidos egoístas.

Se for apenas para rezar, prefiro ter um terço na mão, pois assim não me perco na contagem de minhas rezas.

Mas do que nunca, necessitamos chegar até Jesus e lhe pedir:

Senhor, ensina-nos a orar!

8.6.08

“E disse Pedro: Mestre, bom é estarmos aqui. Façamos Três tendas.”
Mc. 9:5ª

Antes do fato da transfiguração, Jesus havia ensinado a multidão e seus discípulos sobre sua morte e como se tornar um verdadeiro discípulo, ou seja, Ele demonstrou uma distinção entre ser multidão e ser discípulo, conseqüentemente, mostra o preço a ser pago.
No monte, os discípulos experimentam uma revelação sobrenatural. Experiência que os deixam aterrados. Diante daquele maravilhoso culto, embora a narrativa utilize-se da voz de Pedro, os discípulos têm uma incrível idéia: Vamos ficar aqui!
Enquanto isso, abaixo da montanha, acontecia uma situação diferente. Temos um pai desesperado, um jovem dominado por Satanás, uma multidão sem rumo, temos discípulos que não sabem o que fazer e um grupo de religiosos. O grupo de religiosos é alienado a dor do próximo e usa a situação somente como um elemento a ser discutido religiosamente e academicamente.
Cristo, que após receber toda confirmação não só de Elias e Moisés, mas principalmente do Pai, sobre quem Ele era e sobre sua missão, desce de uma atmosfera “extasiante” e segue para uma outra realidade, totalmente caótica, concentrando-se abaixo da montanha.

A proposta de Pedro é a proposta da acomodação, é a proposta da fuga do papel do discípulo. É muito mais do que fazer tendas e ficar na montanha, a proposta é fugir da negação de si e da tomada da cruz, é a tentação de reter a revelação e a benção da presença de Deus para si, sem se importar com a conjuntura social.
A réplica do Mestre é: “Vamos Descer. O nosso lugar é o povão, é o pai desesperado, é o jovem dominado pelo diabo, são os discípulos incrédulos, são os religiosos vazios de verdadeira espiritualidade. A minha igreja é como vento, não sabe de onde vem e nem para onde vai.”

A sugestão dos discípulos demonstra a essência da igreja local: “façamos tendas.” Em outras palavras: vamos ficar aqui no nosso gueto. Temos tudo o que precisamos: revelação, glória, paz, Cristo. Pra que sair? Pra que enfrentar o caos?
A resposta de Cristo é a compreensão máxima da revelação e confirmação do chamado de Deus. É a percepção de que o conhecimento de Deus só é válido se está se fazendo presente na sociedade.

Os discípulos pedem tendas na montanha.
Cristo pede a cruz entre o povo.

28.5.08

O outro lado da Missão Integral

Aprendi que uma boa teologia não se faz apenas de idéias e sim é o fruto de uma reação do que se está vivendo. Por isso as boas teologias ou migram seu foco de reação junto com a sociedade ou já nascem com data para ficarem apenas na história.

Tenho me apaixonado pela reação que surgiu de uma reunião de missionários do mundo todo na Suíça (Lausanne/1974). Nesse congresso eles produziram um texto chamado Pacto de Lausanne com uma proposta de missão integral da igreja, com o lema “o evangelho todo, para o homem todo para todos os povos”.

Nos últimos 10 anos, a Faculdade Latino-Americana de Teologia Integral (FLAM/JV), dirigida pelo Ariovaldo Ramos, tem se preocupa em refletir e reagir a Teologia Integral do ponto de vista da America Latina, a partir do contexto brasileiro.

Mas partindo do principio que uma boa teologia é aquela que é fruto de uma reação, a luz da bíblia, do contexto em que estamos inseridos, e como diria Ziel Machado: Uma boa teologia necessariamente tem que nos colocar de joelhos. Temo ver a morte da missão integral sem ela ter chagado a sua maturidade.

Jesus Cristo já foi anunciado para o Brasil! Na sua maioria não foi da forma certa, não foi pelas pessoas certas e nem sei se o Jesus que muitos pregam é o mesmo Jesus que a bíblia narrou. O fato que todos conhecem a figura de Jesus e os seus seguidores “evangélicos”, pois a evangelização se tornou apenas mais um braço do capitalismo.

Como a proposta surgiu de um congresso de missões, não tinha como evitar a reflexão na cosmo visão de um missionário, e muito que foi produzido é uma proposta de missão integral.

Mas creio que está na hora de pensarmos não mais apenas na perspectiva do que vai levar a mensagem e sim nos que irão receber a mensagem, precisamos começar a desenvolver o que é a Conversão Integral.

Começar a refletir sobre pessoas na bíblia e na história que tiveram uma conversão integral e que mudaram não só suas mentes, mas o comportamento e sociedade em que estavam.

O que é se converter de uma forma integral? O que muda na vida daquele que conhece a pessoa de Jesus Cristo? Qual a diferença no seu lar, no trabalho e na cidade de uma passou que experimentou uma conversão em todas as áreas? Qual a diferença de uma igreja que tem pessoas verdadeiramente convertidas?

São muitas perguntas do outro lado da moeda que ainda não foram respondidas por completo, pois estamos desenvolvendo bons missionários, mas nem tantos cristãos de forma integral.

Vivemos em uma sociedade onde não se fala e nem se entende conversão. Não se fala em ser um seguidor de Cristo, pois um grupo ensina que temos que ser um consumidor da igreja, e outro ensina que o convertido é aquele que mudou suas idéias e que perpetuam ritos semanalmente.

Precisamos correr atrás do atraso e consertar a proposta do “evangelho da conversão parcial” que os veículos de massa já fizeram e estão fazendo. Precisamos mostrar e ensinar não apenas o que é a missão integral da igreja, mas o que é uma conversão integral, o que é realmente acontece com alguém que conheceu Jesus Cristo de Nazaré.

[artigo completo no blog: www.marcosbotelho.com.br]

30.4.08

O que Jesus diria sobre o caso Isabella?

Quem não tem acompanhado o caso Isabella? A mídia nos tem bombardeado há mais de 1 mês com esse caso, acompanhando cada passo desse trágico e misterioso assassinato de uma menina de 5 anos jogada do 6º andar de um prédio. Segundo as notícias que recebemos da mídia, a polícia tem provas suficientes para indiciar o pai e a madrasta de Isabela por homicídio qualificado, mas os advogados do casal trabalham na hipótese de uma terceira pessoa no local do crime que teria assassinado a menina. E do jeito que a mídia conduz as notícias - interpretando o caso e nos induzindo a condenar o casal – houve uma comoção nacional fazendo a população se autojustificar dando seu veredito com sede de vingança e ódio.
Diante disso, o que Jesus diria sobre o caso Isabella? Em Mateus 5:21-26 lemos Jesus interpretando o espírito do mandamento “não matarás”. Jesus nos alerta que, para os religiosos, a interpretação desse mandamento reduzia o homicídio à morte física. Assim como nós, os religiosos enchiam seus corações de justiça própria – porque nunca mataram fisicamente ninguém - apontando o dedo condenatório na cara dos homicidas. Além disso, a maior motivação do coração dos religiosos em não matar ninguém fisicamente era o medo e a culpa de “quem matar estará sujeito a julgamento”. Então, o jeito dos religiosos reprimirem o homicídio era a punição. Mas esse tipo de repressão produz uma mudança falsa de fora para dentro.
Ao se deparar com esse quadro de interpretação da letra da lei, Jesus chega e acaba com essa incorreta versão religiosa da lei, interpretando e cumprindo o espírito da lei do jeito da vontade de Deus. Ao fazer isso, Jesus revela e desnuda o coração pecador do homem para transformá-lo verdadeiramente de dentro para fora. Jesus nos ensina que o homicídio é criado dentro do coração pecador antes de ser consumado de fato pelas mãos. E assim, todos nós, sem exceção, somos homicidas pela natureza de nosso coração pecaminoso.
Diante disso, Jesus diz que existem três maneiras de matar o próximo: (1) A ira mata – “Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento...” Este é o sentimento de ira que leva ao ódio. 2) A ofensa mata – “...e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal...” Esta é a ira expressa em violência verbal. (3) O desprezo mata – “e quem lhe chama: Tolo, estará sujeito ao fogo do inferno”. ( “Tolo” é o termo aramaico para desprezo, indiferença). Esta é a ira que exclui o próximo e cruza os braços deixando-o morrer agonizando de dor. Em resumo, Jesus diz que a ira, a ofensa e o desprezo matam a alma do próximo da mesma forma de quem mata o outro fisicamente. Porque, para Jesus, “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os...homicídios...” (Mc 7:21) quando excluímos o próximo da nossa vida ao ferir o seu coração com ira, ofensa e desprezo. Dessa forma, entendo que em muitos momentos nossa ira, ofensa e desprezo jogam muitas pessoas do 6º andar de nossas vidas.
Assim, ouso dizer que somos a terceira pessoa do caso Isabella quando nos justificamos ao condenar o casal com ódio e vingança. E ainda, quando nos esquecemos que, segundo Jesus, somos tão homicidas quanto quem joga uma criança do 6º andar. Perceba como Jesus nos leva a sondar nosso próprio coração para enxergarmos a nossa natureza pecaminosa de homicidas em potencial e nossa extrema carência de sua graça redentora.
É nesse momento que a graça de Cristo surge ao indicar uma solução para te libertar das grades do homicídio: (1) Se você tem jogado fora algumas pessoas da sua vida “deixe perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então voltando, faze a tua oferta” (Mt 5:24), porque sem reconciliação com teu irmão não há verdadeira adoração. (2) Ou se você é quem está sendo jogado fora da vida dos outros, “vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão.” (Mt 18:15). Ou seja, Jesus deseja a ressurreição daqueles que matam e/ou morrem na guerra dos relacionamentos. Cristo chama tanto o ofendido quanto ao ofensor a vencer o orgulho, tomando, cada um, a iniciativa de mostrar a outra face do perdão com a reconciliação. Ofereça o perdão que você recebeu de Deus perdoando e reconciliando-se com seu próximo. Imite a Cristo dizendo: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que estão fazendo” (Lc 23:34). Não deixe a reconciliação para amanhã se você pode fazer hoje. Amanhã pode ser tarde demais.

JAIRO FILHO 

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

14.4.08

Ícones Acessíveis

O grande medo do ser humano é ficar sozinho. Qualquer pessoa normal sabe que não se pode e nem é bom viver uma vida solitária longe de todos e de tudo. Não descarto que o “ficar sozinho” é algo importante para todo o ser humano, mas isso são momentos e não podem passar de momentos.
Para o adolescente ficar fora de um grupo, ou não fazer parte de um grupo de amigos seja na escola, bairro, parques, é um sinal de exclusão, um sinal que mostra que ele está sozinho, e ficar sozinho não é nem um pouco “dahora”.

Hoje mais do que nunca existem vários grupos de adolescentes, ou seja, varias tribos. Cada qual com os seus próprios estilos e gostos, atendendo assim a diversidade dos gostos dos adolescentes. Apesar da existência de varias tribos, o adolescente acaba tendo que sacrificar um pouco do que realmente ele é só para conseguir entrar e não ficar de fora da parada.
É com grande freqüência que vemos nos noticiários a quantidade de jovens envolvidos com o uso de drogas, com a violência e vandalismo. Podemos tomar tudo isso como a falta do reconhecimento, a falta de se sentir reconhecido, ou seja, um meio de chamar a atenção, mirar os holofotes neles. Um dos problemas mais recentes envolvendo jovens e adolescentes é o trafico de drogas em baladas e festas de jovens, e o mais assustador é que são eles mesmos quem traficam a troca, e a grande maioria pertence à classe média alta, são os famosos “play boys”. Através desse índice podemos ver que não se trata de um problema financeiro, mas sim um problema de falta de atenção.

Outra análise interessante é realizada através da Internet, a busca por sites de relacionamento é algo assustador. Temos aqui no Brasil uma grande rede de relacionamento que é o Orkut. Nele adolescentes, jovens e adultos encontram amigos e fazem novos amigos virtuais. Outra ferramenta da Internet na grande procura por ser conhecido e fazer parte de um grupo são os famosos Flogs, Blogs e Fotolog. Através desses programas é possível conhecer novas pessoas e suas personalidades, conversar e conhecer sobre a vida do outro e outras coisas mais.

Em uma entrevista para a revista Veja Fernanda Bruna, professora de Pós-Graduação em Comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, diz que:

“Os adolescentes querem ídolos acessíveis. Que conversem com eles, sejam parecidos.”[1]

Talvez essa seja uma explicação para a pergunta: Por que essa busca em massa nos sites de relacionamentos? E o que eles tanto buscam?
Ícones acessíveis, é disso que a juventude precisa, é assim que podemos reverter esse quadro de geração perdida e rebelde. Se nos tornarmos exemplos para eles e deixarmos que eles tenham acesso ao nosso dia-a-dia para ver que são parecidos conosco e que queremos que façam parte do nosso circulo diário, assim teremos uma grande chance de influenciar esses adolescentes que muitas vezes perdidos estão apenas em busca de alguns “Ícones Acessíveis”.

[1] Revista Veja, 31 de janeiro de 2007, edição 1993 – ano 40 – n.04 Editora: Abril

30.3.08

Eu sei quem posso ser porque fostes quem és

Quando reflito sobre a nossa juventude evangélica, a cada dia penso mais e a cada mais menos, fico um dó de dúvida: é assim que deveria ser? Como resposta meu amigo em prosa indignada: “precisamos de referenciais e não de referem-se-ais”. Concordei.

Jesus de Nazaré, em seu ministério na Galiléia, fez perguntas aos seus seguidores que devem nos guiar a um modelo apropriado de liderança: “quem o povo diz que eu sou?”, e logo em seguida, “e vocês? quem vocês dizem que eu sou?” (Mc 8.27-29, NTLH). Desta forma o Mestre focalizou as expectativas dos outros quanto à sua pessoa e seu ministério. Suas indagações foram como clarões de luzes que adentraram imperceptivelmente aqueles corações e delimitaram as estradas e os horizontes das vidas ali. E ali temos não o que critica, mas o que deixou-se ser criticado, apesar das limitações das réplicas. Aprendi que o importante é que nós líderes transpareçamos nossas motivações e objetivos àqueles que estão sob nossos cuidados. Assim, nossa integridade resistirá aos tempos e ventos.

Ser um referencial numa geração onde os modelos são raros exige de nós um estilo de vida em-pático. Alguém já disse que nestes dias pessoas não seguirão idéias, mas seguirão amigos. E não é que o Nazareno se fazia presente na periferia do mundo? – “Jesus e os discípulos partiram para as aldeias de Cesaréia de Filipe...” (Mc 8.27, NTLH). O método de Jesus era o método do encontro. Versejou lágrimas e dissipou temores no estar-junto. Ele esteve a quem esteve tão só – e estar faz tão bem quando se quer bem. O bem, meu bem, é irreparável. E porque fugimos muitas vezes?

Penso, por vezes, nisso tudo; colorindo a mente. E eis o segredo sagrado: o Cristo – o referencial. Alguém que nunca abandonou o projeto de Deus – isto é, pessoas. Então, ajude-nos Cristo, a não desistirmos desta geração! Lidere-nos!

18.3.08

Quando Jorge Amado se encontra com a Casa de Davi

Não divido a música em evangélicas e seculares, prefiro dividir em músicas boas e músicas ruins. Pois existem muitas músicas chamadas “gospels” que falam a palavra Jesus, mas não condizem com o evangelho e, outras músicas chamadas seculares que são a pura beleza do amor e da vida.

Ouvi uma música que conta a história de uma mulher que se apaixona por um homem e que a única coisa que ela deseja é ele. No fim eles dançam juntos por causa do amor que ele lhe deu.

Por Causa do Teu Amor
O teu amor me alcançou
O teu olhar me conquistou
A tua voz me encheu de alegria
Com novo óleo me ungiu
Com linho puro me vestiu
Com jóias me cobriu, Senhor
Meu desejo é te abraçar, meu amado
Meu maior prazer é te beijar, Jesus

Meu coração, alegre,
Explode de tanta paixão,
E gera em mim uma nova canção,
E canto por causa do teu amor
Minha paixão, cresce
Quando em adoração,
Sinto o afago do teu coração,
E danço por causa do teu amor *1


É interessante que em milhares de igrejas esta música é cantada, mesmo vendo que se tirar o nome Jesus, que nem se encaixa muito na melodia, ela é uma bela música de uma mulher para um homem. É uma bela poesia romântica no estilo de cantares. E que as igrejas não condenam, pois descreve simbolicamente o encontro da noiva com o noivo, ou seja, da igreja com Jesus.

Gosto de pensar que a Bíblia narra a história de amor entre um príncipe e uma prostituta, é assim que Deus descreve em Oséias. O príncipe vai até ela em forma de plebeu, mas o cafetão não o deixa levá-la. Foi quando, na briga entre os dois, o cafetão mata o príncipe. Mas o rei ressuscita ele que mata o cafetão, pega a prostituta, dá roupas novas e a leva para o seu palácio. Lá eles se casam e no baile do casamento dançam a noite toda.

Dizem que o que Jorge Amado escreveu não tem nada haver com o evangelho. Eu concordo sim, mas toda regra tem uma exceção.

Ao ouvir a música que Djavan fez com a letra dele, pensei: Deus é maravilhoso.

Alegre menina
Oh! que fizeste, sultão, de mim alegre menina?

Palácio real lhe dei, um trono de pedraria
Sapato bordado a ouro, esmeraldas e rubis
Ametista para os dedos, vestidos de diamantes
Escravas para serví-la, um lugar no meu dossel
E a chamei de rainha, e a chamei de rainha

Oh! que fizeste, sultão, de minha alegre menina?

Só desejava campina, colher as flores do mato
Só desejava um espelho de vidro prá se mirar
Só desejava o sol calor para bem viver
Só desejava o luar de prata prá repousar
Só desejava o amor dos homens prá bem amar
Só desejava o amor dos homens prá bem amar

No baile real levei a tua alegre menina
Vestida de realeza, com princesas conversou
Com doutores praticou, dançou a dança faceira
Bebeu o vinho mais caro, mordeu fruta estrangeira
Entrou nos braços do rei, rainha mas verdadeira
Entrou nos braços do rei, rainha mas verdadeira. *2


Não tem como negar, o que Deus faz com a igreja é o mesmo que um sultão faz com a prostituta. Foi exatamente esta a história que Salomão escreveu em Cantares.

Obrigado, Senhor, por nos resgatar em nossos pecados, nos vestir com roupas do palácio e dançar conosco, a tua noiva.

*1 - Casa de Davi - Composição: Davi Silva e Mike Shea
*2 – Djavan -Composição: Jorge Amado e Dorival Caymmi

15.2.08

Um quase cordel... uma quase graça...

Já vou cansado, nessa vida, de umas coisas.
Ver o sagrado sempre ser banalizado.
Não poucas vezes, sou eu mesmo quem o faço.
Faço da graça artigo bem barateado,
Tomando posse do que tem todo valor
Sem entender seu real significado.

Me incomoda, em muito, ver a insistência
De travestir-se em relativa a verdade.
Tendo em si pano-de-fundo humanista,
Numa maneira de fazer própria vontade,
Deteriora o valor do ser humano,
Dizendo estar a conferir dignidade

"Independência ou morte"!!!!

Ouve-se o grito de uma falsa liberdade!
Escravizados por nós mesmos, nós bradamos.
Sem "moralismo", "dogma", ou "religião",
Independentes a nós mesmos nos achamos.
Inconscientes de que com essa pretensão,
É a Seu eterno e imenso amor que abdicamos...

29.1.08

Faculdade Big Brother Brasil

Já foram abertas as inscrições da Faculdade Big Brother Brasil para todo o povo brasileiro. Apesar de está ainda com o mesmo curriculum, no mesmo endereço e na mesma data, o BBB está com novos professores, salas de aula com novo designer, nova didática e ainda oferece 1 milhão de reais para o melhor professor.

As aulas estão sendo ministradas por um corpo docente mais sarado do que nunca. Nos módulos de 2008 o reitor-guru Pedro Bial selecionou professores que tem um gabarito de alto nível de sensualidade, ignorância, ganância, luxúria, hipocrisia, vingança, elucubrações maquiavélicas, inveja, intrigas, mentiras e calúnias. Estes professores têm a missão de formar um corpo discente e indecente de vouyeristas em 12 semanas de aulas. Os alunos terão 3 módulos no curriculum: FILOSOFIA MAQUIAVÉLICA, PSICOLOGIA DA OBSESSÃO E ESTÉTICA HEDONISTA. Vejamos o perfil de cada módulo:

Módulo 1: FILOSOFIA MAQUIAVÉLICA – Estas aulas ensinam a arte da guerra social em alguns temas-princípios como: (1) Elaborando estratégias de guerra; (2) Como ser um vencedor que não tem piedade dos adversários; (3) Pise no outro para subir na vida; (3) Olho por olho, dente por dente: nunca ofereça a outra face do perdão; (4) A crueldade política da traição e da bajulação: a melhor armadilha do jogo; (5) A vida é um jogo, e que vença o melhor dos piores; (6) O mundo é dos mais fortes; (7) 12 golpes para eliminar seu adversário; (8) Hipocrisia: a melhor máscara para ser o líder; (9) Como ser o grande irmão do Brasil manipulando os votos do público; (10) Aprendendo que 1 milhão de reais vale mais que as pessoas.

Módulo 2: PSICOLOGIA DA OBSESSÃO - Este módulo tem o propósito de despertar alguns estados emocionais obsessivos nas seguintes aulas: (1) raiva, ódio e rancor: a escalada do sucesso; (2) Os 7 desejos capitais da vingança; (3) Desfrutando o ócio criativo da fofoca; (4) A fantasia da dissimulação: Se fazendo de vítima para fazer vítimas; (5) Cultivando temperamentos descontrolados no enclausuramento; (6) Rodando a baiana e fazendo barracos chiques e famosos; (7) Máscaras do “EU” em frente as câmeras; e, (8) Como julgar a aparência do adversário sem conhecê-lo.

Módulo 3: ESTÉTICA HEDONISTA – Este módulo tem o objetivo de supervalorizar o prazer físico como o centro da vida nas aulas que tem os seguintes temas: (1) 7 passos para ser uma mulher-objeto e pousar na “play-boy” e em “caras”; (2) Libertinagem de Tezão; (3) Rapidinhas com segurança; (4) Etiqueta nas festas; (4) Glamourização da luxúria; (5) Desfile de corpos siliconados; (6) Como preparar drinques diários de adrenalina e endorfina; e, (7) sacanagens, palavrões, espertezas: a trilogia do ibope.

As aulas estão sendo ministradas ao vivo toda noite durante 12 semanas, seja via internet ou televisão. E os professores estão à sua disposição durante 24 horas mostrando os mais variados exemplos de como viver na prática todas as lições ensinadas. Além disso, o “aluno-telespectador-internauta-vouyerista” que participar mais ativamente das aulas e praticar todas as lições com as pessoas de sua convivência durante a semana, receberá um diploma especial da Faculdade Big Brother Brasil.

Você quer que seu caráter, sua mente e seu comportamento sejam formados pela Faculdade Big Brother Brasil? Você quer que seus relacionamentos pessoais e familiares reflitam os relacionamentos do BBB? Você quer que sua igreja seja um Big Brother eclesiástico de cada domingo? A escolha é toda sua. As aulas começaram nesse mês!

Jairo Filho.

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