29.12.08

Fé e Obras - Tiago 2:14-17 e Efésios 2:8-10

Repito e tornarei sempre a repetir quando for necessário: A Religião ensina que devemos fazer boas obras para ser salvo. Mas o evangelho ensina que somos salvos pela graça para fazermos boas obras que evidenciam nossa salvação.

Infelizmente isso não tem sido entendido pelos evangélicos. De um lado, temos aqueles religiosos extremados: Fazem muitas boas obras de caridade na esperança de serem perdoados de seus pecados e garantirem seu terreno no paraíso eterno. E de outro lado, aqueles que dizem que são salvos pela graça, mas não fazem nada para evidenciarem sua salvação, regeneração, conversão e que são discípulos de Cristo para o mundo.

Os dois textos citados acima são claros e acabam com esses extremos da religião: Pela graça somos salvos; e por isso, fomos criados em Cristo Jesus para fazer boas obras. Sendo assim, aquele que diz ter fé e não a evidencia pelas suas boas obras, essa fé está morta. Este nunca foi salvo. E aquele que diz que contribui para comprar a salvação, anula a graça da cruz de Cristo, nunca foi salvo de si mesmo nem contribui com generosidade incondicional; mas sim, faz doações com segundas intenções, a saber, ganhar créditos no céu para ser salvo.

Aplicando esses textos a tudo o que estamos sabendo sobre a tragédia no estado de Santa Catarina, não podemos cruzar os braços na inércia, exclusivamente dobrar os nossos joelhos e orar com fé, despedindo nossos irmãos alagados dizendo: “Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos”. Nem muito menos podemos dizer: “Vamos todos fazer caridade para que Deus no dê sua vida eterna”. Nem muito menos jogar esse sofrimento humano para a “espiritosfera” e fabricar uma batalha espiritual ilusória, dando gritos de ordem contra os demônios das tempestades, nem soltar verbos imperativos aos quatro ventos contra o demônio dos alagamentos. Não podemos fazer isso de braços cruzados, como sublimação dos demônios da indiferença que estão possuindo o coração de muitos religiosos evangélicos que preferem subir nos trio-elétricos na marcha ré do evangelho e soltar suas vozes nos púlpitos e palcos dos shows gospel a estender a mão e levantar os caídos e desesperados de Santa Catarina. Acredito que tem muitos evangélicos dizendo uma coisa ou outra; ou todas elas.

Também, essa não é a hora de fazer uma teodisséia acerca das chuvas, alagamentos, desabamentos, desabrigados e mortes. Fazendo uma teodisséia ou não, o sofrimento humano estará sempre inserido em nosso planeta. Essa não é a hora de ficar na arquibancada analisando o que acontece no campo alagado da vida, nem se esconder nas salas de ar-condicionado escrevendo sobre tragédias, nem muito menos ser inflamado pela verborragia hipócrita do discurso do “faça o que digo, mas não faça o que faço”.

Na verdade, essa é a hora de enxergarmos Jesus no rosto do oprimido e encorajá-lo, na vida do desabrigado e acolhê-lo, naquele que está nú e vestí-lo, nos que tem fome e alimentá-los; enfim, servir às pessoas servindo a Cristo, para que “assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está no céu.” Mt 5:16.

A comunidade cristã onde convivo já arregaçou as mangas e está contribuindo com os nossos irmãos de Santa Catarina. Espero que a motivação da contribuição não seja para merecer a salvação nem para criar um ringue de competições e comparações para saber quem dá mais no leilão da justiça própria; mas sim, doar porque já somos salvos pela graça; e por isso, somos chamados para contribuir pela graça de Deus com os necessitados.

Em Cristo, que nos ensinou a graça de doar doando

Jairo Filho

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

Um comentário:

Calebe Ribeiro disse...

relamente essa visao da graça sao entendidas por poucos, muitos ainda acreditam que podem obter a salvação pelas obras.

Visitas no Vale

Ecoando no Mundo