24.11.08

te(cn)ologia

Se as palavras são construções
e os conceitos estão nas palavras
Deus simbolizaria a grandeza de seus aceanos,
deus evidenciaria a pequenez de seus caminhos.

Cada nome um todo mundo de compreensões.
Cada verso, minérios e mistérios tecnológicos.

7.11.08

Vida Instável

Ontem, acordei no útero
Hoje, vivo minha vida
Amanhã, dormirei na sepultura

Ontem, eu não era
Hoje, eu sou eu nas minhas circunstâncias
Amanhã, não serei mais o que sou hoje

Ontem, esperava o amanhã
Hoje, lembro-me de ontem
Amanhã, viverei o hoje

Ontem, não estava aqui
Hoje, voltei pra ficar
Amanhã, posso sair

Ontem, tinha a convicção da minha tese
Hoje, abri mão e ouvi a antítese
Amanhã, faço a síntese virar tese da antítese.

Ontem, era ateu
Hoje, tenho fé em Deus
Amanhã, vida eterna

Ontem, tinha fé
Hoje, tenho dúvidas
Amanhã, só Deus sabe

Ontem, queria desistir de tudo
Hoje, quero mudar o mundo
Amanhã, eu nem sei se mudarei a mim mesmo

Ontem, minh’alma estava pertubada
Hoje, estou em paz
Amanhã, quem sabe do meu estado de espírito?

Ontem, estava só
Hoje, estou com você
Amanhã, ainda quero você

Ontem, eu te vi
Hoje, quem te viu, quem te vê!
Amanhã, quem é voce?

Ontem, demos as mãos
Hoje, rimos de mãos dadas
Amanhã, choraremos de mãos separadas?

Ontem, inimigo
Hoje, amigo
Amanhã, herói ou traidor?

Ontem, te amava
Hoje, me esquece
Amanhã, volta pra mim

Ontem, você me abraçou
Hoje, você me bateu e me abateu
Amanhã, ofereço a outra face do perdão

Ontem, tinha você perto de mim
Hoje, você está longe de mim
Amanhã, espero te reencontrar em mim

Ontem, decepção
Hoje, lamentação
Amanhã, esperança

Ontem, sonhei
Hoje, realizei
Amanhã, tudo outra vez

Ontem, tinha medo
Hoje, coragem
Amanhã, espero a vitória

Ontem, era analfabeto
Hoje, leio e escrevo
Amanhã, serei autor de livros

Ontem, pensei em escrever isto
Hoje, escrevi isto
Amanhã, posso apagar tudo isto

Ontem, fui
Hoje, sou
Amanhã, serei

Ontem, só tu és o mesmo Deus no mesmo dia.
Hoje, só tu és o mesmo Deus no mesmo dia.
Amanhã, só tu és o mesmo Deus no mesmo dia.

“Nada é permanente, senão a mudança” (Heráclito). Vivemos em constante trasição. Às vezes, somos estáveis; outras vezes, somos dinâmicos e instáveis; mas sempre mudando e sendo mudados; seja em evolução, involução ou destruição. Esta mesclagem de sentimentos e movimentos da vida em constante mutação, nos fazem ser quem éramos, quem somos e quem seremos: Criaturas humanas instáveis. Mas só Deus é o mesmo ontem, hoje e amanhã no mesmo dia.

Assim, posso completar: realmente, nada é permanente, exceto a mudança de nós mesmos e o caráter de Deus. E por isso, entrego minha finita vida instável ao Deus eterno e imutável.

Em Cristo,o imutável

Jairo Filho

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

3.11.08

O senhor e os pombos

Em uma bela praça um homem já de idade avançada senta todas as tardes logo após o almoço no canto de um velho banco de madeira que fica no meio da praça abaixo de uma imensa árvore de João Bolão, que na época da primavera colore o lindo gramado com seus frutos de cores escuras criando assim um contraste com a verde grama, que por sinal, ainda esta amassada e com as marcas dos pés das crianças que todas as manhãs divertem-se jogando bola, fazendo das médias árvores de jequitibá os próprios gols desse campo improvisado.

Toda tarde, ou na maioria delas, o senhor esta lá, sentado em seu velho banco com um divertimento um pouco estático. Ele carrega consigo uma sacola com muitas migalhas as quais joga no gramado para alimentar os muitos pombos que se aglomeram em seu redor esperando receber parte dessa alimentação. Alguns vizinhos não gostam da idéia do velho senhor, alegam que essas aves são transmissoras de doenças, entretanto o velho sempre se defende dizendo que cuidar dos pombos é algo de classe e ainda cita os elegantíssimos parques dos países de primeiro mundo onde é visto sempre centenas de pombos em meio a neve.

Do outro lado da praça, em uma avenida, pode se ver um jovem em meio aos muitos carros e pessoas, o curioso é que todas as vezes que ele passa em frente a praça, seus olhos procuram unicamente a imagem desse senhor e quando encontra permanecem fixos demonstrando um misto de ternura e saudade, amor e distância, carinho e dó. É perceptível em seu olhar o desejo de se assentar ao lado desse senhor, mesmo que não se tenha assunto, ou mesmo que impere a vergonha, o fato é que o desejo é grande, e isso é recíproco, pois ao ver a figura do jovem na avenida o senhor expressa em seu olhar uma grande admiração por esse rapaz.
Eles estão tão pertos, porém muito distantes.

Entre a avenida e a praça há uma grande barreira de bombos que da perspectiva do jovem não pode ser transpassada sem que sejam espantados causando assim a ira do velho senhor. Por outro lado no pensamento do senhor, os pombos não valem de nada, pois o seu desejo maior é a companhia do jovem.
O desejo do jovem é correr como criança e sentar ao lado do senhor.
O desejo do senhor é receber o jovem para uma boa conversa amiga.
Eles estão tão pertos, porém tão longe.

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