28.8.09

Como amar o inimigo sem ser hipócrita?

Alguém já perguntou: "Como eu posso amar o inimigo? Se amá-lo, vou ser descaradamente falso". Esse dilema surge porque temos idéias estranhas sobre o amor.

Primeiro temos que pensar sobre os vários significados da palavra amor. Diferentemente da língua portuguesa, o grego apresenta pelo menos 3 palavras para o amor: Phileo é o amor da amizade. Eros é o apaixonado amor entre homem e mulher. E o amor Ágape é o amor divino, resistente, eterno. Phileo e Eros são sentimentos conquistados por merecimento; já o ágape é decisão de amar imerecidamente sem trocas ou reciprocidade. Jesus nos ordenou a exercitar o amor ágape nos relacionamentos (Jo 13:34). Podemos destacar aqui a lição de que devemos amar uns aos outros com o mesmo modelo, padrão e exemplo do amor de Jesus. Assim, devemos olhar para Jesus e saber como ele amou aos outros. Olhando para a vida de Jesus podemos aprender pelo menos 3 lições sobre o significado do amor em nossos relacionamentos:

1. O amor ágape é muito mais do que gostar de alguém. Amar é diferente de gostar. Devemos amar todo mundo. Isso não significa que devemos gostar de todo mundo. Nós gostamos de algumas pessoas e não gostamos de outras. Mas devemos amar todas as pessoas, inclusive aquelas de quem não gostamos. Você não precisa gostar para amar. Deve inclusive amar sem gostar. Jesus não gostava de seus inimigos religiosos e políticos, porém, amou todos eles. Isso significa que amar não é gostar do inimigo ou ter afinidade com ele. Isso implica que amar não impede de denunciar a injustiça, protestar contra a maldade, reinvidicar os direitos humanos nem disciplinar quem erra. Vemos que Jesus não demonstrou seu amor fazendo serenatas de saudades para os religiosos fariseus, nem escreveu cartas de amor para os ladrões do templo, nem fez homenagens para Herodes. Mas Jesus amou todos eles, inclusive, ao ponto de denunciar o pecado deles e dar sua própria vida para salvá-los. Enfim, Jesus amou seus inimigos, mas não gostou deles, não aprovou seus erros nem se alegrou com as injustiças deles (I Co 13:6).

2. O amor ágape ultrapassa a convivência íntima. Amar não é necessariamente conviver intimamente com todas as pessoas em todo o tempo e transformar sua casa na “casa da mãe joana”. Aprendemos nos evangelhos que o amor de Jesus respeitava fronteiras e limites de convivência. Jesus vivia distante de seus inimigos religiosos e políticos, era mais formal com a multidão, porém mais próximo dos 70, mais chegado dos 12, mais ligado a 3 (Pedro, Tiago e João) e mais íntimo de um (João – quem encostou a cabeça sobre os ombros de Jesus). Isso significa que não é necessário conviver intimamente com certas pessoas para amá-las. Acredito que existem relacionamentos que devem promover amor numa convivência à distância. Não vemos Jesus comendo pizza com os fariseus, nem indo ao shopping com herodes, nem passeando na praça com os soldados romanos; pelo contrário, Jesus fugia deles. Isso nos diz que Jesus convivia separado de seus inimigos; porém os amou mesmo a distância, a tal ponto de dar a sua vida para realizar a reconciliação pelo seu sacrifício na cruz. Assim, Jesus mandou amar os inimigos e não ter intimidade com eles. Fuja dos inimigos que vos perseguem, porém os ame de longe.

3. O amor ágape é incondicionado a roupa social, cultural e religiosa.
O olhar de Jesus despia a personagem que todos vestiam para olhar o ser humano que cada pessoa é. Ele não enxergava apenas uma adúltera ou prostituta, mas uma mulher carente de amor. Jesus não enxergava apenas um pobre, ou um leproso ou um endemoniado, mas um ser humano carente, doente e oprimido. Jesus não enxergava impressionado apenas o glamour dos cargos políticos nem o status social e religioso dos fariseus, mas ele enxergava um ser humano perdido e morto em seus pecados. Jesus não enxergava apenas um rico, corrupto, cobrador de impostos, traidor e ladrão como Zaqueu, mas enxergava um homem pobre de espírito, com o coração vazio e carente da maior riqueza do mundo, o amor de Deus. Jesus não enxergava apenas o seu inimigo ofendendo, perseguindo e traindo; mas ele enxergava um ser humano doente no caixão do seu egoísmo. Assim, Jesus amou o ser humano despido de sua roupa social, cultural e religiosa. Isso significa que devemos amar o inimigo, porque antes de ser um inimigo, ele é um ser humano. Por isso, podemos amar o inimigo como Jesus amou.

As palavras e a vida de Jesus ecoam nas palavras de Paulo, apóstolo, que diz: “O amor seja sem hipocrisia...Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal,...abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis...se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber, porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer o mal, mas vence o mal com o bem”. (Rm 12: 9a, 15, 20 e 21). Assim, podemos concluir que amar não é sentimento, intimidade nem tratamento condicionado à personalidade, mas amar é dar tudo o que somos e tudo o que temos em favor do bem da pessoa amada; mesmo que seja o teu inimigo, mesmo que seja dar aquilo que a pessoa não deseja, mas precise para gerar transformação e vida. Lute e vença o mal do ciclo vicioso e ininterrupto da vingança e do ódio com o bem do amor.


Em Cristo, o amor encarnado pelos seus inimigos

Jairo Filho

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

16.7.09

Ao autor "desconhecido"

Algumas vezes leio o mundo à nossa volta.
Um texto repleto de exclamações!
Interrogações, talvez? Reticências...

Combinadas num mesmo enredo,
confluem aparentes contradições.
Metáforas complexas e simples.
Angústia e humor!
Satisfação e ânsia?
Violência e tréguas...
A mais pura beleza, lado a lado com seu extremo oposto.

Frases sem sentido...
Expressões que soam incompletas...
Como ser parte desse texto,
sem ouvir o coração do autor?!
E é ele mesmo que nos faz esse convite.
Que todo aquele que sabe "ler", leia.
O texto foi feito pra isso.
Ao ler, ouça.
Um coração pulsa nas entrelinhas...

14.6.09

Qual a sua religião?

Sua religião pode ser qualquer uma, todas, inclusive nenhuma; ou sua religião pode ser você mesmo, ou o outro, ou qualquer Outro. Mas o que é religião? Religião é re-ligação. É a iniciativa humana de se relacionar com alguma divindade por meio de conjuntos institucionalizados de discursos e práticas, onde há dependência e obrigação do fiel ao ser adorado. Este conceito revela que os bastidores de toda religião tem a mesma lógica: o fiel obedece e cumpre suas obrigações para receber do seu deus recompensas merecidas e equivalentes ao sacrifício religioso. Assim, o conceito de religião abre espaço para a barganha. Ou seja: toda religião é um negócio onde as partes estão comprometidas pelas algemas do contrato: o fiel obedece e a tal divindade recompensa. Se o fiel desobedecer é castigado. Se o tal deus falhar na premiação é abandonado. Isso quer dizer que nada é de graça na religião. Porque toda religião está baseada na relação de compra e venda de benção e na lógica da retribuição de recompensa e punição por meio de méritos e deméritos morais e espirituais do crente.

É nesse cenário que o Evangelho de Jesus surge como a contra cultura da religião, quando a imerecida graça de Deus, doada aos pecadores, destrói a lógica da justiça religiosa da barganha. O contexto religioso do mundo antigo, até então, só ensinava a religiosidade: Você tem que obedecer para merecer a salvação. Mas surge, em Cristo Jesus, a mais espetacular boa notícia que o mundo precisava conhecer: Você é salvo imerecidamente pela graça para obedecer por amor livre e incondicional. Este é o evangelho: a boa notícia.

Uma vez que religião é re-ligação, isso significa que o pecado desligou Deus do homem; e agora o homem tenta se re-ligar a Deus por si mesmo. Mas a natureza pecaminosa do homem é incapaz e impossibilitada de se chegar a Deus por si só. (Rm 3:10 e 23). Ou seja, o homem não tem desejo, iniciativa, meios nem méritos para se reconciliar com Deus. por si só. Até mesmo suas motivações para buscar a Deus revelam intenções erradas e malignas. Assim, não há nada que uma pessoa possa fazer para conquistar e merecer a presença, o relacionamento e o favor de Deus.

Mas há a boa notícia: O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é único, incomparável e irrepetível. Ele não pode ser comprado pelas nossas boas obras, manipulado pelo nosso contrato chantagista nem divide sua glória com os méritos de ninguém. Pois a obra da cruz de Cristo é a plena manifestação da graça de Deus (Ef 2:8, 9). Isso implica que todo aquele que está em Cristo não precisa ter medo da ira de Deus nem precisa mais barganhar com Deus para alcançar o seu favor imerecidamente gratuito. (Rm 8:1 e 32). A cruz de Cristo é a garantia da continua generosidade de Deus em ser e estar do nosso lado nos doando milagres de graça.

A boa notícia da graça de Deus nos liberta da relação de troca que gera orgulho, culpa e medo para nos doar graça, humildade, justificação e paz. De quem obedece a Deus para fugir da sua ira e conquistar meritoriamente a salvação e suas bênçãos; somos agora, aqueles que, com a verdade do Evangelho, recebem imerecidamente a salvação e todos os milagres gerados em torno da cruz de Cristo.

Diante disso, só nos resta abandonar toda e qualquer religisiodade de barganhas para responder positivamente ao evangelho da graça de Deus com gratidão, consagração, obediência e santidade; fazendo a vontade de Deus por amor livre e incondicional, porque ela alcançou e converteu o nosso coração (Ef 2:10).

Em Cristo, que nos libertou das trevas da religião para a maravilhosa luz do Evangelho da graça de Deus.

Jairo Filho

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

12.5.09

Apaixonando-se pela mulher Frankenstein

Alguns pensam que Jesus pegou muito pesado com os casados quando declarou que “qualquer que olhar para uma mulher desejando-a, já cometeu adultério” (Mt5:28). Eu não concordo.

O grande problema é que Jesus sabia do perigo do fenômeno chamado “amante Frankenstein”. Vou tentar explicar melhor.

Não tem como um relacionamento estar “nas oitavas maravilhas” o tempo todo e é quando o nosso relacionamento está em baixa que o perigo do fenômeno aparece.

Vamos usar o exemplo de um homem que está passando por uma fase mais difícil no casamento: depois de um dia estressado ele sai para dar uma volta e percebe uma menina que ao passar troca um olhar e um sorriso provocante com ele, ele registra esse momento em seu coração, pois está frágil e acredita que não tem nada demais, afinal,foi apenas um sorrisinho.

No outro dia, a secretária do seu chefe veio com um vestidinho muito provocante, e ela para pra perguntar algo que ele já nem se lembra , pois não conseguiu tirar os olhos do vestido.Ele registra o vestido em sua mente, que por sinal era muito bonito mesmo.

O problema é que três dias depois, ao abrir a sua caixa de e-mail, viu que recebeu um Spam com a propaganda da Playboy daquele mês, ele nem clicou na foto, pois sabe que pode ser vírus, mas ficou encantado com os seios maravilhosos daquela atriz. E assim foi, dia após dia, com pequenas olhadas e inocentes registros montando uma mulher “perfeita” em sua mente. O que ele não sabe, ou não quer saber, é que esta mulher vai ganhar vida e se chamará mulher Frankensein.

Quem nunca ouviu, pelo menos de forma rápida, a história do monstro Frankenstein, a história de um cientista chamado Victor que, insatisfeito com sua vida, constrói uma criatura com partes humanas e dá vida a ela. A criatura que foi denominada com o sobrenome do seu criador, Frankenstein, com o tempo percebe que era diferente de todos os homens e não tinha uma parceira à altura. O monstro exige que seu criador, Victor, crie uma companheira para ele, e quando Victor se recusa a fazer tal coisa o monstro o ameaça e o persegue até matá-lo.

É isso que acontece quando o amante ou a amante Frankenstein ganha vida, a pessoa que está do teu lado, às vezes durante anos, e que tem feito de tudo por você, não tem mais valor. Não é como a mulher perfeita de nossas mentes a mulher Frankenstein. E esse monstro que agora ganhou vida te perturba e se mistura com você, cobra para si um par perfeito.

É quando você tenta fugir e é tarde demais. O monstro vai atrás de você até matar seu casamento com uma outra mulher qualquer, que não chegava aos pés da sua, mas que você, na escuridão de sua mente, a incorporou a sua amante chamada Frankenstein.

Sei que este artigo acabou em uma tragédia, assim como a história de Frankenstein também. Por isso é que Jesus já avisa que o adultério está no coração e que tudo começa com um simples olhar.

9.3.09

Confissões de um egoísta...

(Perdoem-me o santo e o triunfantalista,
mas o que se segue aqui são confissões de um egoísta)

Vidas, pessoas, gente...
Senhor, estende-lhes as suas mãos, pois as minhas são demasiadamente curtas.
Estende o seu favor sobre aqueles que o Senhor me confiou tua sensibilidade para que eu enxergasse!
Manifesta a tua misericórdia...
Intercede com gemidos inexprimíveis!

Me sinto absurdamente limitado e falho...
Por vezes omisso, tímido, medroso, sem tempo e "em-mim-mesmado", egoísta, auto-centrado.
Mas o Senhor não é assim!
O Senhor se deu por nós! Por mim e por aqueles a quem eu ainda não tive coragem de anunciar a sua libertação!
Sou falho, sou incompleto, omisso, como disse, mas disponho minha mediocridade ante meu Salvador e ante aqueles a quem ele quer salvar!

Quem sou eu para isso?
Não é essa a questão...
Mas o "Eu sou o que sou" é o assunto e o verbo em questão.
Em que estão...
Em que estão minhas esperanças.
Em quem estão a misericórdia, a honra a salvação a glória e o poder!

Estende as suas mãos, Senhor! Apesar de mim!
Estende as tuas mãos e alcança os teus pequeninos!
Pastor dos pastores, o bom pastor! O único que perfeitamente deu a sua vida pelas suas ovelhas.
Não sei fazer isso. Tenho muito que aprender...

Não desampara os teus pequeninos, Senhor!
Escuta-lhes o clamor da alma...
Diante do sofrimento, da necessidade, da negligência e da indiferença... Por vezes, minha indiferença.
Escuta-lhes o clamor!
Escuta-lhes! Salva, resgata e dá vida, como só o Senhor sabe e pode fazer!
Transforma-lhes a vida em amizade real, consistente e verdadeira contigo!
Apesar de mim.
Apesar da religião.
Apesar das más intenções.
Apesar das boas intenções.
Apesar de mim, de tudo e de todos.
Apesar da política, da ganância e da corrupção.
Apesar do meu egoísmo e da minha maldade.
Apesar de mim e de quem sou.

Ouve, Senhor, a súplica exausta das almas cansadas!
A criação geme. O abandonado clama silenciosamente, sem saber o quê, nem para quem...
Venha o teu Reino... Socorro! Venha o teu Reino!
Perdoa a minha arrogância e a minha maldade egoísta.
Venha o teu Reino...

Sou pó. Sou pouco.
Mas, ainda bem que não sou a questão!
Ainda bem que aquele em questão, e em quem estão a esperança e a misericórdia, intervém.
Pode parecer muito que demora. Mas, vem! E, sim, intervém!
Intervém em mim.
Intervém na comunidade dos desgraçados.
Nós que desesperadamente dependemos da sua graça e intervenção.
Humanidade caída e carente, dependente.
Vem...

6.3.09

Prova do Líder

O reality show mais famoso do Brasil está ensinando um conceito de liderança. Explico: A convivência dentro da casa se mostra como uma guerra sem trégua, semelhante à vida selvagem dos animais que tem que matar para viver. E é nesse contexto que a liderança da casa surge como o prêmio mais cobiçado e a mais eficiente arma de guerra para fuzilar o adversário no paredão de execuções e continuar dentro da casa concorrendo ao prêmio final.

Ser o líder do BBB só é possível quando se ganha uma prova de resistência ou sorte. Aquele que ganha a prova do líder merece imunidade, privilégios, conforto, direito a indicar seu maior adversário ao paredão de execuções e passar mais dias na casa. Esses direitos definem o que é ser líder. Assim, ser líder é aquele que mata para viver, exclui para ser exclusivo, tem direitos e nunca deveres, é servido pela bajulação e nunca serve para não ser traído, é poderoso e nunca amoroso, vingativo e nunca reconciliador.

A sabedoria popular já nos diz que o verdadeiro caráter de uma pessoa é conhecido quando a pessoa está no poder.

Jesus apresenta seu caráter quando nos ensina um paradigma de liderança extremamente contra a cultura desse reality show. Jesus mostra qual é a prova para saber quem é o verdadeiro líder segundo os critérios do Reino de Deus: Servir. Esta é a prova. Jesus mostra quem é o líder quando fica despido da cintura para cima, de joelhos aos pés dos seus discípulos, com uma bacia de água na mão e toalha na outra. Lavar os pés calejados, sujos, descascados, feridos, empoeirados pelos (des)caminhos da existência. Esta foi a atitude que aprovou e definiu a liderança de Jesus como o líder-servo de todos.

A cena do lava-pés chama a minha atenção por dois motivos: Primeiro, o serviço de lavar os 24 pés acontece um pouco antes de Jesus ser preso e abandonado pelos que tiveram seus pés limpos pelo serviço do amor. Pedro e Judas que o digam. Mesmo sabendo que iria ser traído e abandonado, mesmo assim, Jesus lavou os pés dos seus aprendizes imaturos, críticos, confusos, incrédulos, frouxos, covardes, medrosos, traidores, e fugitivos até tocarem no Cristo ressurreto.

O que também me chama mais atenção no lava-pés é o que também mais intriga. Pedro rejeitou o serviço de Jesus, julgando–se não merecedor de tal serviço, ao que recebeu como resposta de Jesus: "Se eu não os lavar, então você não terá parte comigo". A resposta é a mais absurda e extremada reação contra a cultura do líder BBB. Jesus estava ensinando que as únicas pessoas com quem podemos nos relacionar são aquelas a quem lavamos os pés. Ou seja, se você não está disposto a servir, será impossível conviver e suportar as pessoas em suas imperfeições e crises. Você só pode se relacionar com quem quer que seja se estiver disposto a serví-las.

É exatamente isso que devemos fazer para prevenir, preservar e consertar relacionamentos: Servir. Assuma o lugar de servo e faça o que ninguém gostaria de fazer. Servir ou o fim do relacionamento. Servir ou viver enterrado no caixão soltário do seu egoísmo mesquinho. Servir ou carregar uma bagagem cheio de memórias de mágoas e tatuagens de ressentimentos profundos no coração. Servir ou matar o outro pela omissão do serviço.

Servir: Esse deve ser o critério para ser líder. Assim, o líder segundo Jesus é aquele que jamais exclui alguém de casa; antes serve para prevenir, preservar e consertar os relacionamentos, em vez de descartá-los e jogá-los fora. Sirva. Pois quem não vive para servir, não serve para viver com você.

Assim, quem deseja conviver com a mesma pessoa, pela mesma estrada da vida, por longos anos, precisa saber que em alguns trechos deverá levar seu par no colo, lavar seus pés empoeirados e feridos, conduzí-lo à trilha do caminho da vida, andar no mesmo caminho, mesmo que em passos diferentes; enfim, servir, sob pena de seguir viagem sozinho, ou com uma pessoa desconhecida ao lado, cujo fim é a solidão e a morte.

Em Cristo, que veio para servir e não para ser servido.

Jairo Filho

Quer ler o texto completo na íntegra? Acesse: www.blogdojairofilho.blogspot.com

3.3.09

Coisas que ninguém merece

Sei que há de concordar comigo que acontecem esquisitices na vida das pessoas, principalmente entre aquelas que se julgam normais. Importunações nem sempre declaradas, porém, inevitáveis. Parece moço ciumento no pé de menina bonita: não desgruda e quando some é por que já encontrou outra gatinha para atazanar. São coisas imerecidas, repelidas por qualquer ser de bom senso. Sim, devemos chamá-las estúpida e elegantemente de “coisas”, para evitarmos termos como banalidades, bizarrices, blasfêmias ou baboseiras. Cito, com a aprovação certa da grande maioria de meus leitores, coisas que ninguém merece:

Nariz entupido; xaveco furado; presunto vencido; peido fedido no pós-almoço de domingo; ficar na fila do cinema esperando a sala abrir; fila de banco, de lotérica, fim da fila, fim da festa, fim de amores; privada mal-cheirosa; férias em casa; não ter férias; briga de vizinho; briga de casal; parente desabrigado; chuva na praia; ser o último a ser escolhido para jogar no time de futebol; fazer gol contra; perder pênalti; ficar no banco de reservas; trocar pneu de carro em dia de tempestade; ganhar meias de presente; vírus no computador; morder a própria língua; barata; pernilongo; pasta de dente na camiseta minutos antes de sair de casa; pobre que se acha rico e rico metido; invasão de privacidade; mudar de cidade; esquecer-se da idade; cabelo duro; pão duro; dedo duro; chulé (em todos os casos e descasos); qualquer tipo de reprova, inclusive reprova em vestibular; beijo babado, gosmado, catarrado; piada sem graça; levar um, dois, três foras da paquera (pior: se acostumar com eles); segunda-feira; segundo lugar; estar com pressa e se esquecer do mais importante; chapinha no cabelo e chuva de surpresa; ir ao mercado e perder a mãe; perder a parte principal de um filme; perder o namorado; perder o ônibus; perder uma boa oportunidade, o sorriso, o juízo; perder o ingresso do show; perder o dente; perder a unha do dedão do pé; perder dinheiro; perder-se.

É claro que faltaram ainda 12.237 coisas que ninguém merece não citadas aqui, das quais não fiz questão de me lembrar ou de procurar em mim ou nas outras pessoas. O fato é que essas coisas não saem da moda. Sinta-se orgulhoso se você é uma de suas vítimas. Você é pop, é top, é refinado, gente, espécie brasileira. Estar coisado é a inclinação do momento. No entanto, essas coisas não duram eternamente. Passa e passa. Vem e desleixa. Desenrela. Que bom que tudo nesse mundo passa depressa, seja a graça ou a desgraça. Não há nada tão ruim que não possa ser piorado. Não há nada tão ruim que não possa ser superado.

11.2.09

“Então os que temiam ao Senhor falavam uns aos outros; o Senhor atentava e ouvia...” Ml. 3.16

Ultimamente, tenho refletido muito sobre a oração, pois percebo que a maioria das orações que faço e das orações que são feitas nas igrejas são meros jargões, são vãs repetições, são ferramentas litúrgicas usadas apenas para fazer a transição de uma leitura bíblica ou de um momento para o outro durante o culto. Outro elemento que ultimamente prende a minha atenção é a maneira como me expresso, ou seja, tudo aquilo que eu falo, tudo aquilo que sai da minha boca, todas as minhas palavras e gestos que servem de instrumentos para a minha comunicação com a sociedade.

Destaco esses dois elementos, oração e o falar, pois nesse texto de Malaquias aprendo o modelo da verdadeira oração. O texto diz que os justos conversavam, e Deus atentava e ouvia as suas conversas. Tudo aquilo que eles falavam, tudo o que diziam um para o outro. Ora, não seria esse o processo da oração?
Claro que sim. Quando oramos, estamos falando com Deus e Ele está nos ouvindo, pelo menos, essa é a definição tradicional sobre a oração. O que ocorre nesse texto é exatamente o que ocorre na oração, só que eles não estavam tradicionalmente orando eles estavam apenas conversando. Todavia, Deus não fez nenhuma distinção, pelo contrário, Ele atentou à conversa dos justos como Ele atenta para a oração, pois acredito, com base nesse e em outros textos, que Deus não faz separação entre nossa conversa e nossa oração.

O que falamos, ou seja, a nossa conversa é tão importante que Paulo, ao falar sobre isso em Efésios, alerta os cristãos dizendo: “deixem a mentira e falem a verdade uns com os outros (4.25); Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe (4.29); coisas sensuais, inconvenientes (5.4)”. A proposta é que falemos uns com os outros através de salmos e cânticos espirituais. Na realidade, quer dizer, que nossa conversa deve ser sincera como os salmos são sinceros e profundamente santa, pois Deus está diante das nossas palavras, atento a tudo o que falamos como uma oração.
Por essa razão, entre nós não se deve nunca nomear coisas banais e comuns, como é de costume dos pagãos, pois orar não é só falar com Deus, mas é também falar com o próximo.

30.1.09

Assista o Big Brother Brasil

Assista o BBB e aprenda que a vida é um jogo e uma guerra; e que as pessoas com quem convivemos não passam de nossos inimigos e adversários.

Assista o BBB e aprenda que 1 milhão de reais vale mais do que um bom relacionamento com as pessoas. Se a vida é uma competição e o prêmio é muito dinheiro, então se apresse para aprender a arte da guerra contra o próximo no BBB. Assim, o próximo é considerado apenas um trampolim utilitário para se ganhar muito dinheiro.

Assista o BBB e, inconscientemente, você sairá da sua casa e da sua vida real para entrar e morar na casa mais famosa do Brasil. Você perceberá que perderá o caráter para ter vida dupla, duas caras, duas máscaras em frente às câmeras da reputação social. Essa é a diferença entre assistir filme e BBB: Há filmes que você não passa de telespectador passivo. Já no BBB, como há interatividade, você é mais um na casa. E este é o grande perigo.

Assista o BBB e será despertado ódio por pessoas que você nunca teve um relacionamento pessoal. Então, você vai perceber que estará avaliando a pessoa, não pela transparência do caráter, mas pela aparência da imagem da reputação de um “reality show” de falsidade. Já percebeu os critérios que você usa para julgar e colocar as pessoas no paredão e excluí-las da sua vida?

Assista o BBB e perceba como você gasta muito dinheiro com ligações para participar diretamente da casa e excluir quem você não gosta. Por que você não usa esse dinheiro para ajudar alguém e/ou consagrar para a obra de Deus? Você já percebeu que a ligação é para expulsar alguém da casa? Percebeu que a ligação é uma arma de guerra contra quem você quer matar? Percebeu que o BBB te torna, no coração, um homicida virtual e midiático? Percebeu que você aprenderá a colocar as pessoas no paredão de execução quando você não gostar mais delas?(Des)ligue-se de alguém para matá-lo. Esse é o lema do BBB. Quer aprender? Então ligue. E assim faça um chacina no paredão de execuções.

Assista o BBB e perceba que a tua torcida sempre dá mais audiência para quem é mais safado, vingativo, traidor, malandro, dissimulador, mesquinho, egoísta, bêbado, erótico-sensual.

Assista o BBB e perceba que todos os jogos fabricam um ambiente de partidarismo, panelinha, fofoca, traição, guerrilha, armadilha, manipulação, bajulação, ciúmes, ira, ambição egoísta, discórdia, inimizade, rivalidades, inveja, glutonaria, orgias; enfim, um ambiente perfeito para as obras da carne (Gl 5:19 – 21).

Assista o BBB e você não vai encontrar amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, amabilidade e domínio próprio (Gl 5:22 – 26); pois o fruto do Espírito de Jesus não dá pontos no Ibope. Você acha que Jesus participaria e/ou assistiria todos os dias o BBB?

Assista o BBB todos os dias e pergunte a si mesmo: Por que o BBB me atrai tanto? Por que priorizo na minha agenda assistir o BBB e não reservo o mesmo tanto de tempo para orar e ler a Bíblia? Por que dou mais audiência a brigas, discórdias, vingança e barracos no BBB do que uma boa conversar de amor, perdão e comunhão com a família e amigos? Por que prefiro escutar as mensagens de intrigas, traição, bajulação e vingança do que cultuar a Deus na igreja com meus irmãos? Acredito que o BBB revela a natureza pecaminosa do ser humano. E além de revelar, o BBB desperta, incentiva e aprova o pecado.

Assista o BBB e, inconscientemente, transfira tudo o que você aprendeu para sua casa, trabalho e igreja. E desse jeito você fará uma grande guerra. É assim que você quer conviver com as pessoas?

Enfim: Assista o BBB e transforme sua televisão no vaso sanitário da Globo que descarrega toda diarréia do Diabo na sua casa, mente e nos seus relacionamentos.

Pense nisso!

Em Cristo, que nos fez irmãos pelo alto preço do seu sangue derramado na cruz e não "Big Brothers" que derramam o sangue um do outro para ganhar a todo custo um milhão de reais.

Jairo Filho

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

25.1.09

Brincando com os Cavalos

Tive o privilégio de crescer em um sítio e, entre a idade de 8 e 11 anos tive dois cavalos, era responsável por cuidar deles, tirar os carrapatos, limpar, passar remédio nas mordidas de morcego e, principalmente, levá-lo para onde tivessem verdes pastos. Essas eram as condições para eu poder brincar com ele. Nunca tive uma cela e nem cabresto, às vezes montava nele com uma corda e cavalgava meio sem direção. O fato de eu deixar ele me levar era a nossa brincadeira, era o que nós dois gostávamos. E o mais fantástico é que quase sempre ele me levava a um lugar que eu não conhecia.

Certa vez, tomei um coice e até uma mordida dele e o cara que nos vendeu falou que era porque eu não estava montando nele com o arreio e ele estava ficando desacostumado e voltando a ter vontade própria. Só comprando um arreio para domá-lo de novo.

Esta experiência que tive, brincando com os cavalos, me ensinou muito sobre hermenêutica. Vou explicar:

A pretensão moderna em dissecar a palavra de Deus de uma forma científica se tornou ineficaz pedagogicamente e de instrumento de transformação.

Não sei por que a maioria dos professores nas escolas nos ensinou que somos maiores que os textos só porque somos os intérpretes. Ler se tornou sinônimo de domínio. Como um cavaleiro domina o seu cavalo na arena de um rodeio, a hermenêutica se tornou o cabresto das letras e o premio é dado para aquele que demonstra mais habilidade em domar o cavalo.

Assim, vamos até o texto para analisá-lo de forma científica e confundimos neutralidade da pesquisa com frieza. Com isso, matamos as poesias, os contos, as narrativas, as parábolas, os textos apocalípticos, entre outros. A forma com que as escolas nos ensinaram a ler, só me serve para ler jornal.

Quero regredir a minha infância e brincar com os cavalos, voltar aos tempos em que a bíblia era lida para mim, assim como foi para os primeiros ouvintes do texto bíblico, onde não sou o domador de cavalos e sim o menino que brinca com o cavalo, que o monta sem superioridade, em uma confiança mútua, sem achar que conhece o caminho.

Quando ouvia as histórias como criança, na frente dos meus olhos já não estavam mais as letras como hoje estão e sim a imaginação, os sonhos que transformavam as palavras em imagens.

Quero ouvir Salmos como ouço Vinícius de Moraes, que narrem o livro de Gênesis como foi narrado Indiana Jones, quero imaginar Apocalipse como um gibi de manga, ouvir as parábolas contadas num banquinho de praça por Forest Gump, receber as regras de Levítico lidas em alta voz por um juiz de tribunal sério e inteligente, ser sussurrado cantares por minha amada e, abrir o e-mail, indevidamente, que Paulo mandou para Timóteo.

Quando ia brincar com os cavalos, só porque não estava domando-os, não significava que estava desrespeitando ou os rebaixando, estava apenas deixando-os ser o que são: cavalos.

Eu sei que, assim como brincar com os cavalos, ler a bíblia dessa maneira é bobeira, coisa de criança. Hoje somos adultos e temos que entrar na arena para que todos possam ver a nossa virilidade.

Mas...Não custa nada sonhar!

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