14.6.09

Qual a sua religião?

Sua religião pode ser qualquer uma, todas, inclusive nenhuma; ou sua religião pode ser você mesmo, ou o outro, ou qualquer Outro. Mas o que é religião? Religião é re-ligação. É a iniciativa humana de se relacionar com alguma divindade por meio de conjuntos institucionalizados de discursos e práticas, onde há dependência e obrigação do fiel ao ser adorado. Este conceito revela que os bastidores de toda religião tem a mesma lógica: o fiel obedece e cumpre suas obrigações para receber do seu deus recompensas merecidas e equivalentes ao sacrifício religioso. Assim, o conceito de religião abre espaço para a barganha. Ou seja: toda religião é um negócio onde as partes estão comprometidas pelas algemas do contrato: o fiel obedece e a tal divindade recompensa. Se o fiel desobedecer é castigado. Se o tal deus falhar na premiação é abandonado. Isso quer dizer que nada é de graça na religião. Porque toda religião está baseada na relação de compra e venda de benção e na lógica da retribuição de recompensa e punição por meio de méritos e deméritos morais e espirituais do crente.

É nesse cenário que o Evangelho de Jesus surge como a contra cultura da religião, quando a imerecida graça de Deus, doada aos pecadores, destrói a lógica da justiça religiosa da barganha. O contexto religioso do mundo antigo, até então, só ensinava a religiosidade: Você tem que obedecer para merecer a salvação. Mas surge, em Cristo Jesus, a mais espetacular boa notícia que o mundo precisava conhecer: Você é salvo imerecidamente pela graça para obedecer por amor livre e incondicional. Este é o evangelho: a boa notícia.

Uma vez que religião é re-ligação, isso significa que o pecado desligou Deus do homem; e agora o homem tenta se re-ligar a Deus por si mesmo. Mas a natureza pecaminosa do homem é incapaz e impossibilitada de se chegar a Deus por si só. (Rm 3:10 e 23). Ou seja, o homem não tem desejo, iniciativa, meios nem méritos para se reconciliar com Deus. por si só. Até mesmo suas motivações para buscar a Deus revelam intenções erradas e malignas. Assim, não há nada que uma pessoa possa fazer para conquistar e merecer a presença, o relacionamento e o favor de Deus.

Mas há a boa notícia: O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é único, incomparável e irrepetível. Ele não pode ser comprado pelas nossas boas obras, manipulado pelo nosso contrato chantagista nem divide sua glória com os méritos de ninguém. Pois a obra da cruz de Cristo é a plena manifestação da graça de Deus (Ef 2:8, 9). Isso implica que todo aquele que está em Cristo não precisa ter medo da ira de Deus nem precisa mais barganhar com Deus para alcançar o seu favor imerecidamente gratuito. (Rm 8:1 e 32). A cruz de Cristo é a garantia da continua generosidade de Deus em ser e estar do nosso lado nos doando milagres de graça.

A boa notícia da graça de Deus nos liberta da relação de troca que gera orgulho, culpa e medo para nos doar graça, humildade, justificação e paz. De quem obedece a Deus para fugir da sua ira e conquistar meritoriamente a salvação e suas bênçãos; somos agora, aqueles que, com a verdade do Evangelho, recebem imerecidamente a salvação e todos os milagres gerados em torno da cruz de Cristo.

Diante disso, só nos resta abandonar toda e qualquer religisiodade de barganhas para responder positivamente ao evangelho da graça de Deus com gratidão, consagração, obediência e santidade; fazendo a vontade de Deus por amor livre e incondicional, porque ela alcançou e converteu o nosso coração (Ef 2:10).

Em Cristo, que nos libertou das trevas da religião para a maravilhosa luz do Evangelho da graça de Deus.

Jairo Filho

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

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