Que a Bíblia é a palavra de Deus, isso eu não discuto, mas que a interpretação (hermenêutica) que nós fazemos e a mensagem que nós pregamos a partir dela é mensagem de Deus, aí já não coloco a mão no fogo. Pois mesmo a Bíblia sendo palavra de Deus, os princípios de interpretação que você tiver vão definir se o que você fala vem da parte de Deus ou de outras partes.
Citar a bíblia para afirmar uma verdade sua não quer dizer nada demais. Gostaria de tirar como base alguns princípios que encontrei na hermenêutica usada por Satanás e por Cristo no episódio da tentação no deserto (Mt.4:1-11).
Quando Satanás tenta Jesus no alto do templo, falando para Ele provar que é filho de Deus pulando lá de cima, Satanás cita Salmo 91:1 e 2, rogando as promessas do cuidado de Deus para os Seus filhos.
Se até Satanás pode citar e interpretar a bíblia, a grande questão é: quais são os princípios que vamos usar na nossa interpretação para não ser os mesmos princípios de Satanás e sim de Jesus?
Quando o querer do interprete é maior que a bíblia, ele usa as bênçãos para si e as recomendações para os outros. Foi assim que satanás usa a bíblia com Jesus. Como é interessante ver que as três vezes que Jesus cita a bíblia para responder Satanás, Ele interpreta para Ele mesmo e não para atacar satanás. Ele afirma que não só de pão ele vive, mesmo estando 40 dias sem comer. Não tentarás o senhor teu Deus, mesmo sabendo que Deus responderia os desejos do seu coração, e que ele deveria adorar somente a Deus. Todas as citações foram de encontro com Ele mesmo e não diretamente a Satanás.
Pensando bem nos dias de hoje e neste texto, o que estava por trás dos desafios que satanás colocou a Jesus? Fico pensando que Jesus poderia transformar não só a pedra em pão como o próprio diabo em pão. Não pularia do templo e pediria para os anjos pegarem, ria da cara de Satanás e sairia voando. E na hora de que Satanás pedisse para ele se prostrar, com um dedo ele apontaria para Satanás e o fazia beijar seu pé naquela mesma hora. Esta é a reação de um Jesus todo poderoso! Não é?
Mas se ele reagisse dessa forma, ele teria caído nas três tentações de Satanás: prazer, poder e fama. Teria interpretado os princípios do Reino com os princípios da hermenêutica de Satanás. Mas Jesus, ao vencer as tentações, mostra que seu reino não teria os princípios deste mundo, e sim, princípios de renuncia, serviço e humildade.
Esta é a grande diferença entre a hermenêutica de satanás e a hermenêutica de Jesus, uma parte da prerrogativa do que dá prazer, poder e fama e a outra, da prerrogativa do amor: renúncia, serviço e humildade. Que Deus nos ajude a viver os princípios da hermenêutica de Cristo.
Marcos Botelho
"O texto na integra se encontra em www.marcosbotelhodojv.blogspot.com.br"
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3 comentários:
Sabemos que a Bíblia é o livro mais lido e conhecido do mundo, mas poucos sabem como ler e interpretar a Bíblia. Devido à falta da verdadeira e fiel interpretação bíblica, tem surgido, mais do que nunca, uma multiplicidade de espiritualidades subjetivas e sincréticas na chamada igreja evangélica brasileira na mídia de massa (televisão e rádio).
Hoje, tem se discutido muito sobre o fenômeno do crescimento explosivo da igreja evangélica no Brasil, mas tem se falado quase nada sobre a pessoa e a obra do Cristo da Cruz e da Cruz de Cristo. E quando se falam em Jesus nesse contexto, é impossível não se perguntar: De qual Jesus estão falando? Do Jesus da religião evangélica ou o Jesus revelado na Bíblia? De que evangelho estão falando? Do evangelho segundo o Diabo ou o evangelho de Jesus?
Assim, o texto do Marcos Botelho nos instiga a fazer esse tipo de pergunta e perceber a enorme e emergencial necessidade de interpretar a Bíblia como Jesus a interpretou. Em vez de interpretarmos as escrituras sagradas para criarmos um evangelho segundo o Diabo que busca prazer, poder e fama, devemos ter uma hermenêutica cristocêntrica que busca renúncia, serviço e humildade para sinalizar o Reino de Deus. A hermenêutica de Cristo nos ensina a ler a Bíblia contra nossa natureza pecaminosa e não a favor de nossos gulosos e insasiáveis desejos egoístas de super-crentes que buscam fazer a sua própria vontade assim na terra como no céu.
Parabéns, Marcos Botelho! Seu texto nos inspira a ler a Bíblia de olho em Cristo e não de olho no horizonte de nosso umbigo.
Meu mano,Deus te crie com muito amor.
Jairo Filho
Pessoal segura o marcos que agora ele começou a falar de satanás....srrsrsrs....
Ao ler uma biografia de grande sucesso do maior bispo brasileiro, pude perceber três pontos importantes em sua teologia ou ideologia:
1. O crente não pode viver em uma situação de necessidade, pois isso demonstra a sua falta de fé.
2. O maior poder do crente é a sua fé (acredito que deveria ser o seu Deus), com essa arma ele é capaz de tudo.
3. O maior sinal de fé e santidade é a vida prospera do fiel, é o destaque de seus projetos.
Ao ler seu texto marcos eu lembrei disso. Talvez toda a semelhança seja mera coincidência. Ou não?
Bom perceber isso. O texto do Marcos nos ajuda a olharmos para nós mesmos. Nesse exercício podemos ao menos identificar em nós essa tentação de interpretar as escrituras como nos convém.
Gostei também da analogia que o Jairo fez com o a oração do Pai nosso: “Seja feita a minha vontade, tanto no céu quanto na terra”. Esse grito é o cerne do coração rebelde ao Criador e Redentor nosso. Ecoa da boca dos que não conhecem a Deus e, por vezes freqüentes, do íntimo daqueles que confessamos o Seu senhorio.
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