O filho, na perspectiva cristã, é um presente de Deus para o casal, é a melhor herança que se pode ganhar. É o selo, o fruto de uma só carne, a expressão do amor do homem e da mulher. Todavia, muitas vezes no afã de querer proteger demais o nome da instituição, as igrejas conseguem tornar maldito tudo o que foi abençoado por Deus, assim ocorreu com o sexo, com a música e com os filhos.
Espantosamente cresce o número de moços e moças que se tornam pais e mães antes de se casarem, e não se assuste, pois isso cresce espantosamente nas nossas igrejas evangélicas. E todos sabem o que acontece a estes. Eles são altamente recriminados pela igreja, pois se existe um pecado imperdoável esse pecado é o sexo. É exatamente isso que acontece com a maioria dos casais de namorados que na sua juventude transam descuidadosamente e depois descobrem que estão à espera de um filho. Eles são disciplinados fortemente pela igreja. O fato se torna vulgar, todos sabem, todos comentam. Eles passam a ser olhados de forma diferente nos cultos. Muitos amigos se afastam e pouco a pouco eles se distanciam da comunidade deixando de congregar com os irmãos.
Na tentativa de jogar a água suja, a igreja joga o bebê junto. Isso ocorre literalmente, pois os filhos desses casais nascem sob uma maldição, nascem com o estigma de um descuido dos pais, nascem como algo que aconteceu e não deveria nunca ter ocorrido. Filhos que recebem, às vezes, o ódio da mãe e do pai por ser a causa da vergonha de uma falha em uma hora errada. Filhos que recebem a rejeição muitas vezes da própria família. Filhos e Filhas que se tornam malditos perante o mundo religioso.
Lembro-me do dia em que minha irmã foi contar para o meu pai que estava grávida. Ela estava morrendo de medo, pois meu pai era líder na igreja e isso soaria muito mal para sua reputação. Meu pai estava fazendo uma vitamina para o café, minha irmã se aproximou e desabafou em meio às lagrimas. Meu pai não respondeu nada, permaneceu em silêncio com a cara fechada. Nesse instante, toda a casa foi tomada por um silêncio, só ouvíamos o suspirar de minha irmã. Após alguns minutos, meu pai se dirigiu a ela com um copo de vitamina dizendo: Toma isto, pois irá fazer bem para o meu neto. Imediatamente, lembrei-me das palavras de Jesus: “Se vós que sois mal sabem dar bons presentes aos seus filhos imagine Deus que é Bom...” (Mt 7.11).
Não quero defender a idéia de que ser pai antes de casar é correto, mas estou cansado de ver adolescentes e jovens morrendo espiritualmente por causa da intolerância religiosa que valoriza a moralidade em detrimento da misericórdia.
Reafirmo a benção que é ter filhos e filhas no momento oportuno dado por Deus que é o casamento. E que em Deus somos abraçados pelo arrependimento e restaurados pela graça, e Nele nós e nossos filhos nos tornamos Bem-Aventurados!
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4 comentários:
Calebe, graça e paz, mano!
O que aconteceu com a tua irmã, aconteceu com a minha em 2002.
Na época, muitos pastores e líderes se afstaram de meu pai (que é pastor) e o condenaram por não ser um bom "paistor". Falaram que ele não tinha liderança em casa; quanto mais na igreja?E o que falar do que minha irmã sofreu? E nós?
E hoje, no meu ministério pastoral, escuto de vez enquando muitas dessas notícias de gravidez fora do casamento.
Muitas vezes, tenho visto a cena se repetir.
Acredito muito na graça de Deus que não nos restribui conforme nossas iniquidades (Sl 103) e na suficiente justificação (Rm 5:1 e 8:1) que nos chama para a santidade (Rm 6).
Mas, infelizmente, a igreja se cala e se camufla diante de pecados não-sexuais, mas grita apontando o dedo condenatório na cara de quem caiu em pecado sexual.
Mas qual é o pecado mais escandaloso?
Há pecados piores do que outros?
Ninguém nasce por acaso.
Somos todos nascidos pela graça.
Somos presentes de Deus.
Assim, ninguém - nenhum filho - deve ser rejeitado por nascer de uma gravidez não desejada, não planejada ou inesperada.
Acredito que o mundo religioso comete aborto moral quando condena para sempre as gestantes indesejadas.
Esse teu texto nos fez lembrar da graça e quanto a igreja está longe dela.
Em Cristo, o filho de Deus nossa vida em abundância.
Puxa, Cacá... muito bom esse texto!
Ressoou bastante no meu coração.
Obrigado (também ao Jairo) por compartilhar sua vida familiar de maneira a expressar a graça e a misericórdia do olhar divino sobre nós!
Que sejamos cada vez mais encorajados a caminhar lado a lado com aquele que nos orienta, nos corrige com seu amor incondicional. Aquele que nos ama a ponto de dar-se por nós, mesmo sabendo das nossas limitações e que está sempre pronto a estender a mão a todos aqueles que sabem que precisam dele.
Eis aqui um desses necessitados,
Gustavo da Hora
Calebe, isso foi forte, o texto com mais coração desse blog! Cara muito emocionante!
Parabéns!
A Paz irmão Calebe e pra todos os outros também.
Parabéns pelo texto. Copiei e colei em meu perfil no orkut pra dar enfase a todos os meus amigos e pra todos os jovens que lidero na igreja.
A igreja atual tem a mesma atitude arcaica de 1900 e antigamente. Continua camuflando seus pecados domesticos e "denunciando" os pecados ibopes como no caso, a gravidez pré-casamento.
Na igreja onde congreguei alguns anos vi não apenas um, mas vários jovens se perdendo como resultado do falso moralismo e omissão da igreja de Cristo em relação ao pecador.
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