10.9.10

Fé demais fede mais

Toda fé religiosa tem o poder de nos conduzir a práticas muito distantes do comportamento de fé de Jesus. Neste sentido quero falar hoje que toda fé religiosa tenta reduzir Deus exclusivamente a um grande poder impessoal numa relação de contrato utilitarista.

Muitas vezes a fé religiosa “cristã” é equivalente a religiões afro-brasileiras. Exemplo: imagine um casal em processo de divórcio. A mulher tem um amante e quer se livrar do marido. E o marido quer a esposa de volta custe o que custar. Os dois procuram separadamente um cara que se diz “pastor” e um pai de santo para que possam realizar seus desejos. Tanto o “pastor” como o pai de santo fazem um contrato utilitarista de fé: faça um sacrifício para a divindade escolhida para receber o milagre isento de juízo de valor. Cada um faz o sacrifício no templo cristão entregando o dízimo e também faz o sacrifício numa encruzilhada com um despacho de macumba. Nestes dois casos, a fé é usada exclusivamente como instrumentalização e manipulação do poder divino. Tanto um pastor como um pai de santo podem, muitas vezes, “amarra” uma união amorosa, bem como desfazê-la, sem fazer juízo moral de valores. Eles são pagos pelo casal por seus serviços religiosos sem consultar a vontade moral de suas divindades. Assim, o pedido do casal e o serviço dos líderes religiosos demonstram a busca do poder divino solicitado independente da vontade de Deus.

Será que esse tipo de fé, que reduz Deus apenas a um grande poder impessoal, foi ensinada, usada e aprovada por Jesus? Jesus diria que isso é a fé idólatra, pois reduz Deus a categoria de “mais um deus” quando o relacionamento com Deus é reduzido a experimentar o poder de Deus sem consultar sua vontade sobre nossas vidas. Isso é atribuir a Deus um poder neutro, e, portanto, despersonalizá-lo de sua soberana e santa vontade moral sobre nós. Esta é a fé demais, além da justa medida de Jesus, e, portanto, é fora e extra-ordem do padrão bíblico. Jesus ensinou a orar pedindo que “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade (e não a minha), assim na terra como no céu”. (Mt 6:10). Jesus revela que Deus é pessoalmente santo e tem sua santa vontade absoluta estabelecida em sua Palavra para nós.

Outro exemplo de fé religiosa que busca exclusivamente o poder impessoal de Deus é o caso de um dos criminosos crucificados ao lado de Jesus. Ele queria a salvação sem o salvador quando insultava Jesus, dizendo: “Você não é o Cristo? Salve-se a se mesmo e a nós!” (Lc 23:39). Enfim, este queria a salvação (sair da cruz), mas não o Salvador e Senhor Jesus (que veio para morrer por nós na cruz para nossa salvação e ser Senhor de nossas vidas).

Em resumo, toda fé religiosa é idólatra porque busca somente os milagres, benção e poder de Deus sem o caráter da pessoa de Deus de milagres, benção e poder. A fé religiosa adora o poder divorciado da pessoa de Deus. A fé de Jesus busca formar discípulos que tem o caráter de Deus. Assim, a fé religiosa fede mais porque é fé demais. Fé demais porque é além da fé de e em Jesus! E fede mais porque é refugo (Fp 3:8) da religiosidade.

Pense nisso!

Jairo Filho

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29.7.10

100% e agora!!!

Escrevo daqui, de dentro dessa nuvem de ilusões nos dizendo o tempo todo que é possível alcançar plenitude aqui e agora...

Nas suas mais variadas apresentações para consumo, somos enganados pelas falsas ofertas de plenitude:

Saúde perfeita, Prazer absoluto, Carreira ideal, Realização financeira, Corpo irrecusável, Beleza perene, Ministério de Sucesso, Multidões a seus pés!

Sei tudo, posso tudo, estou em todos os lugares!!!

Quão agradáveis, atraentes e desejáveis essas palavras que acolhemos em nosso coração:

"Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que provarem desse fruto, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal" (Gn 3:4-5), a tão sonhada PLENITUDE, aqui e agora, ao alcance de suas mãos!!! (?!?!?!?!)

Eita Mentira-do-capeta!!!

O único modelo que nos foi proposto pelo Pai é o modelo encarnacional do Filho, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!

"Em Cristo só, que se encarnou. Todo poder num frágil ser. Nele, o amor Deus ofertou; até por nós se oferecer." (* trecho da música "Em cristo só", versão coordenada pelo meu amigo Phil Rout.)

É seguindo ao Senhor Jesus Cristo, descrito em Isaías 53, que negamos a nós mesmos, tomamos nossa cruz dia após dia...

"Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará. Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se ou destruir a si mesmo? Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier em sua glória e na glória do Pai e dos santos anjos." (Lucas 9:23-26)

Que o Pai nos abençoe. Que não nos deixe cair em tentação, mas livre-nos do maligno e de suas astutas enganações.

28.8.09

Como amar o inimigo sem ser hipócrita?

Alguém já perguntou: "Como eu posso amar o inimigo? Se amá-lo, vou ser descaradamente falso". Esse dilema surge porque temos idéias estranhas sobre o amor.

Primeiro temos que pensar sobre os vários significados da palavra amor. Diferentemente da língua portuguesa, o grego apresenta pelo menos 3 palavras para o amor: Phileo é o amor da amizade. Eros é o apaixonado amor entre homem e mulher. E o amor Ágape é o amor divino, resistente, eterno. Phileo e Eros são sentimentos conquistados por merecimento; já o ágape é decisão de amar imerecidamente sem trocas ou reciprocidade. Jesus nos ordenou a exercitar o amor ágape nos relacionamentos (Jo 13:34). Podemos destacar aqui a lição de que devemos amar uns aos outros com o mesmo modelo, padrão e exemplo do amor de Jesus. Assim, devemos olhar para Jesus e saber como ele amou aos outros. Olhando para a vida de Jesus podemos aprender pelo menos 3 lições sobre o significado do amor em nossos relacionamentos:

1. O amor ágape é muito mais do que gostar de alguém. Amar é diferente de gostar. Devemos amar todo mundo. Isso não significa que devemos gostar de todo mundo. Nós gostamos de algumas pessoas e não gostamos de outras. Mas devemos amar todas as pessoas, inclusive aquelas de quem não gostamos. Você não precisa gostar para amar. Deve inclusive amar sem gostar. Jesus não gostava de seus inimigos religiosos e políticos, porém, amou todos eles. Isso significa que amar não é gostar do inimigo ou ter afinidade com ele. Isso implica que amar não impede de denunciar a injustiça, protestar contra a maldade, reinvidicar os direitos humanos nem disciplinar quem erra. Vemos que Jesus não demonstrou seu amor fazendo serenatas de saudades para os religiosos fariseus, nem escreveu cartas de amor para os ladrões do templo, nem fez homenagens para Herodes. Mas Jesus amou todos eles, inclusive, ao ponto de denunciar o pecado deles e dar sua própria vida para salvá-los. Enfim, Jesus amou seus inimigos, mas não gostou deles, não aprovou seus erros nem se alegrou com as injustiças deles (I Co 13:6).

2. O amor ágape ultrapassa a convivência íntima. Amar não é necessariamente conviver intimamente com todas as pessoas em todo o tempo e transformar sua casa na “casa da mãe joana”. Aprendemos nos evangelhos que o amor de Jesus respeitava fronteiras e limites de convivência. Jesus vivia distante de seus inimigos religiosos e políticos, era mais formal com a multidão, porém mais próximo dos 70, mais chegado dos 12, mais ligado a 3 (Pedro, Tiago e João) e mais íntimo de um (João – quem encostou a cabeça sobre os ombros de Jesus). Isso significa que não é necessário conviver intimamente com certas pessoas para amá-las. Acredito que existem relacionamentos que devem promover amor numa convivência à distância. Não vemos Jesus comendo pizza com os fariseus, nem indo ao shopping com herodes, nem passeando na praça com os soldados romanos; pelo contrário, Jesus fugia deles. Isso nos diz que Jesus convivia separado de seus inimigos; porém os amou mesmo a distância, a tal ponto de dar a sua vida para realizar a reconciliação pelo seu sacrifício na cruz. Assim, Jesus mandou amar os inimigos e não ter intimidade com eles. Fuja dos inimigos que vos perseguem, porém os ame de longe.

3. O amor ágape é incondicionado a roupa social, cultural e religiosa.
O olhar de Jesus despia a personagem que todos vestiam para olhar o ser humano que cada pessoa é. Ele não enxergava apenas uma adúltera ou prostituta, mas uma mulher carente de amor. Jesus não enxergava apenas um pobre, ou um leproso ou um endemoniado, mas um ser humano carente, doente e oprimido. Jesus não enxergava impressionado apenas o glamour dos cargos políticos nem o status social e religioso dos fariseus, mas ele enxergava um ser humano perdido e morto em seus pecados. Jesus não enxergava apenas um rico, corrupto, cobrador de impostos, traidor e ladrão como Zaqueu, mas enxergava um homem pobre de espírito, com o coração vazio e carente da maior riqueza do mundo, o amor de Deus. Jesus não enxergava apenas o seu inimigo ofendendo, perseguindo e traindo; mas ele enxergava um ser humano doente no caixão do seu egoísmo. Assim, Jesus amou o ser humano despido de sua roupa social, cultural e religiosa. Isso significa que devemos amar o inimigo, porque antes de ser um inimigo, ele é um ser humano. Por isso, podemos amar o inimigo como Jesus amou.

As palavras e a vida de Jesus ecoam nas palavras de Paulo, apóstolo, que diz: “O amor seja sem hipocrisia...Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal,...abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis...se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber, porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer o mal, mas vence o mal com o bem”. (Rm 12: 9a, 15, 20 e 21). Assim, podemos concluir que amar não é sentimento, intimidade nem tratamento condicionado à personalidade, mas amar é dar tudo o que somos e tudo o que temos em favor do bem da pessoa amada; mesmo que seja o teu inimigo, mesmo que seja dar aquilo que a pessoa não deseja, mas precise para gerar transformação e vida. Lute e vença o mal do ciclo vicioso e ininterrupto da vingança e do ódio com o bem do amor.


Em Cristo, o amor encarnado pelos seus inimigos

Jairo Filho

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16.7.09

Ao autor "desconhecido"

Algumas vezes leio o mundo à nossa volta.
Um texto repleto de exclamações!
Interrogações, talvez? Reticências...

Combinadas num mesmo enredo,
confluem aparentes contradições.
Metáforas complexas e simples.
Angústia e humor!
Satisfação e ânsia?
Violência e tréguas...
A mais pura beleza, lado a lado com seu extremo oposto.

Frases sem sentido...
Expressões que soam incompletas...
Como ser parte desse texto,
sem ouvir o coração do autor?!
E é ele mesmo que nos faz esse convite.
Que todo aquele que sabe "ler", leia.
O texto foi feito pra isso.
Ao ler, ouça.
Um coração pulsa nas entrelinhas...

14.6.09

Qual a sua religião?

Sua religião pode ser qualquer uma, todas, inclusive nenhuma; ou sua religião pode ser você mesmo, ou o outro, ou qualquer Outro. Mas o que é religião? Religião é re-ligação. É a iniciativa humana de se relacionar com alguma divindade por meio de conjuntos institucionalizados de discursos e práticas, onde há dependência e obrigação do fiel ao ser adorado. Este conceito revela que os bastidores de toda religião tem a mesma lógica: o fiel obedece e cumpre suas obrigações para receber do seu deus recompensas merecidas e equivalentes ao sacrifício religioso. Assim, o conceito de religião abre espaço para a barganha. Ou seja: toda religião é um negócio onde as partes estão comprometidas pelas algemas do contrato: o fiel obedece e a tal divindade recompensa. Se o fiel desobedecer é castigado. Se o tal deus falhar na premiação é abandonado. Isso quer dizer que nada é de graça na religião. Porque toda religião está baseada na relação de compra e venda de benção e na lógica da retribuição de recompensa e punição por meio de méritos e deméritos morais e espirituais do crente.

É nesse cenário que o Evangelho de Jesus surge como a contra cultura da religião, quando a imerecida graça de Deus, doada aos pecadores, destrói a lógica da justiça religiosa da barganha. O contexto religioso do mundo antigo, até então, só ensinava a religiosidade: Você tem que obedecer para merecer a salvação. Mas surge, em Cristo Jesus, a mais espetacular boa notícia que o mundo precisava conhecer: Você é salvo imerecidamente pela graça para obedecer por amor livre e incondicional. Este é o evangelho: a boa notícia.

Uma vez que religião é re-ligação, isso significa que o pecado desligou Deus do homem; e agora o homem tenta se re-ligar a Deus por si mesmo. Mas a natureza pecaminosa do homem é incapaz e impossibilitada de se chegar a Deus por si só. (Rm 3:10 e 23). Ou seja, o homem não tem desejo, iniciativa, meios nem méritos para se reconciliar com Deus. por si só. Até mesmo suas motivações para buscar a Deus revelam intenções erradas e malignas. Assim, não há nada que uma pessoa possa fazer para conquistar e merecer a presença, o relacionamento e o favor de Deus.

Mas há a boa notícia: O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é único, incomparável e irrepetível. Ele não pode ser comprado pelas nossas boas obras, manipulado pelo nosso contrato chantagista nem divide sua glória com os méritos de ninguém. Pois a obra da cruz de Cristo é a plena manifestação da graça de Deus (Ef 2:8, 9). Isso implica que todo aquele que está em Cristo não precisa ter medo da ira de Deus nem precisa mais barganhar com Deus para alcançar o seu favor imerecidamente gratuito. (Rm 8:1 e 32). A cruz de Cristo é a garantia da continua generosidade de Deus em ser e estar do nosso lado nos doando milagres de graça.

A boa notícia da graça de Deus nos liberta da relação de troca que gera orgulho, culpa e medo para nos doar graça, humildade, justificação e paz. De quem obedece a Deus para fugir da sua ira e conquistar meritoriamente a salvação e suas bênçãos; somos agora, aqueles que, com a verdade do Evangelho, recebem imerecidamente a salvação e todos os milagres gerados em torno da cruz de Cristo.

Diante disso, só nos resta abandonar toda e qualquer religisiodade de barganhas para responder positivamente ao evangelho da graça de Deus com gratidão, consagração, obediência e santidade; fazendo a vontade de Deus por amor livre e incondicional, porque ela alcançou e converteu o nosso coração (Ef 2:10).

Em Cristo, que nos libertou das trevas da religião para a maravilhosa luz do Evangelho da graça de Deus.

Jairo Filho

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12.5.09

Apaixonando-se pela mulher Frankenstein

Alguns pensam que Jesus pegou muito pesado com os casados quando declarou que “qualquer que olhar para uma mulher desejando-a, já cometeu adultério” (Mt5:28). Eu não concordo.

O grande problema é que Jesus sabia do perigo do fenômeno chamado “amante Frankenstein”. Vou tentar explicar melhor.

Não tem como um relacionamento estar “nas oitavas maravilhas” o tempo todo e é quando o nosso relacionamento está em baixa que o perigo do fenômeno aparece.

Vamos usar o exemplo de um homem que está passando por uma fase mais difícil no casamento: depois de um dia estressado ele sai para dar uma volta e percebe uma menina que ao passar troca um olhar e um sorriso provocante com ele, ele registra esse momento em seu coração, pois está frágil e acredita que não tem nada demais, afinal,foi apenas um sorrisinho.

No outro dia, a secretária do seu chefe veio com um vestidinho muito provocante, e ela para pra perguntar algo que ele já nem se lembra , pois não conseguiu tirar os olhos do vestido.Ele registra o vestido em sua mente, que por sinal era muito bonito mesmo.

O problema é que três dias depois, ao abrir a sua caixa de e-mail, viu que recebeu um Spam com a propaganda da Playboy daquele mês, ele nem clicou na foto, pois sabe que pode ser vírus, mas ficou encantado com os seios maravilhosos daquela atriz. E assim foi, dia após dia, com pequenas olhadas e inocentes registros montando uma mulher “perfeita” em sua mente. O que ele não sabe, ou não quer saber, é que esta mulher vai ganhar vida e se chamará mulher Frankensein.

Quem nunca ouviu, pelo menos de forma rápida, a história do monstro Frankenstein, a história de um cientista chamado Victor que, insatisfeito com sua vida, constrói uma criatura com partes humanas e dá vida a ela. A criatura que foi denominada com o sobrenome do seu criador, Frankenstein, com o tempo percebe que era diferente de todos os homens e não tinha uma parceira à altura. O monstro exige que seu criador, Victor, crie uma companheira para ele, e quando Victor se recusa a fazer tal coisa o monstro o ameaça e o persegue até matá-lo.

É isso que acontece quando o amante ou a amante Frankenstein ganha vida, a pessoa que está do teu lado, às vezes durante anos, e que tem feito de tudo por você, não tem mais valor. Não é como a mulher perfeita de nossas mentes a mulher Frankenstein. E esse monstro que agora ganhou vida te perturba e se mistura com você, cobra para si um par perfeito.

É quando você tenta fugir e é tarde demais. O monstro vai atrás de você até matar seu casamento com uma outra mulher qualquer, que não chegava aos pés da sua, mas que você, na escuridão de sua mente, a incorporou a sua amante chamada Frankenstein.

Sei que este artigo acabou em uma tragédia, assim como a história de Frankenstein também. Por isso é que Jesus já avisa que o adultério está no coração e que tudo começa com um simples olhar.

9.3.09

Confissões de um egoísta...

(Perdoem-me o santo e o triunfantalista,
mas o que se segue aqui são confissões de um egoísta)

Vidas, pessoas, gente...
Senhor, estende-lhes as suas mãos, pois as minhas são demasiadamente curtas.
Estende o seu favor sobre aqueles que o Senhor me confiou tua sensibilidade para que eu enxergasse!
Manifesta a tua misericórdia...
Intercede com gemidos inexprimíveis!

Me sinto absurdamente limitado e falho...
Por vezes omisso, tímido, medroso, sem tempo e "em-mim-mesmado", egoísta, auto-centrado.
Mas o Senhor não é assim!
O Senhor se deu por nós! Por mim e por aqueles a quem eu ainda não tive coragem de anunciar a sua libertação!
Sou falho, sou incompleto, omisso, como disse, mas disponho minha mediocridade ante meu Salvador e ante aqueles a quem ele quer salvar!

Quem sou eu para isso?
Não é essa a questão...
Mas o "Eu sou o que sou" é o assunto e o verbo em questão.
Em que estão...
Em que estão minhas esperanças.
Em quem estão a misericórdia, a honra a salvação a glória e o poder!

Estende as suas mãos, Senhor! Apesar de mim!
Estende as tuas mãos e alcança os teus pequeninos!
Pastor dos pastores, o bom pastor! O único que perfeitamente deu a sua vida pelas suas ovelhas.
Não sei fazer isso. Tenho muito que aprender...

Não desampara os teus pequeninos, Senhor!
Escuta-lhes o clamor da alma...
Diante do sofrimento, da necessidade, da negligência e da indiferença... Por vezes, minha indiferença.
Escuta-lhes o clamor!
Escuta-lhes! Salva, resgata e dá vida, como só o Senhor sabe e pode fazer!
Transforma-lhes a vida em amizade real, consistente e verdadeira contigo!
Apesar de mim.
Apesar da religião.
Apesar das más intenções.
Apesar das boas intenções.
Apesar de mim, de tudo e de todos.
Apesar da política, da ganância e da corrupção.
Apesar do meu egoísmo e da minha maldade.
Apesar de mim e de quem sou.

Ouve, Senhor, a súplica exausta das almas cansadas!
A criação geme. O abandonado clama silenciosamente, sem saber o quê, nem para quem...
Venha o teu Reino... Socorro! Venha o teu Reino!
Perdoa a minha arrogância e a minha maldade egoísta.
Venha o teu Reino...

Sou pó. Sou pouco.
Mas, ainda bem que não sou a questão!
Ainda bem que aquele em questão, e em quem estão a esperança e a misericórdia, intervém.
Pode parecer muito que demora. Mas, vem! E, sim, intervém!
Intervém em mim.
Intervém na comunidade dos desgraçados.
Nós que desesperadamente dependemos da sua graça e intervenção.
Humanidade caída e carente, dependente.
Vem...

Visitas no Vale

Ecoando no Mundo