3.11.08

O senhor e os pombos

Em uma bela praça um homem já de idade avançada senta todas as tardes logo após o almoço no canto de um velho banco de madeira que fica no meio da praça abaixo de uma imensa árvore de João Bolão, que na época da primavera colore o lindo gramado com seus frutos de cores escuras criando assim um contraste com a verde grama, que por sinal, ainda esta amassada e com as marcas dos pés das crianças que todas as manhãs divertem-se jogando bola, fazendo das médias árvores de jequitibá os próprios gols desse campo improvisado.

Toda tarde, ou na maioria delas, o senhor esta lá, sentado em seu velho banco com um divertimento um pouco estático. Ele carrega consigo uma sacola com muitas migalhas as quais joga no gramado para alimentar os muitos pombos que se aglomeram em seu redor esperando receber parte dessa alimentação. Alguns vizinhos não gostam da idéia do velho senhor, alegam que essas aves são transmissoras de doenças, entretanto o velho sempre se defende dizendo que cuidar dos pombos é algo de classe e ainda cita os elegantíssimos parques dos países de primeiro mundo onde é visto sempre centenas de pombos em meio a neve.

Do outro lado da praça, em uma avenida, pode se ver um jovem em meio aos muitos carros e pessoas, o curioso é que todas as vezes que ele passa em frente a praça, seus olhos procuram unicamente a imagem desse senhor e quando encontra permanecem fixos demonstrando um misto de ternura e saudade, amor e distância, carinho e dó. É perceptível em seu olhar o desejo de se assentar ao lado desse senhor, mesmo que não se tenha assunto, ou mesmo que impere a vergonha, o fato é que o desejo é grande, e isso é recíproco, pois ao ver a figura do jovem na avenida o senhor expressa em seu olhar uma grande admiração por esse rapaz.
Eles estão tão pertos, porém muito distantes.

Entre a avenida e a praça há uma grande barreira de bombos que da perspectiva do jovem não pode ser transpassada sem que sejam espantados causando assim a ira do velho senhor. Por outro lado no pensamento do senhor, os pombos não valem de nada, pois o seu desejo maior é a companhia do jovem.
O desejo do jovem é correr como criança e sentar ao lado do senhor.
O desejo do senhor é receber o jovem para uma boa conversa amiga.
Eles estão tão pertos, porém tão longe.

4 comentários:

Marcos Botelho do JV disse...

Agora o Calebe esta escrevendo crônica!!! O que será de nós???
Bom o que fica na minha cabeça é o que representa os pombos?
Quais são as coisas aparentemente "pequenas" que nos impedem de vivermos felizes com aquele que nós amamos?

Jairo Filho disse...

Eita!

Esse é o nosso Calene Lewis Lucado.

Ah!

Sobre os pombos, o jovem e o Senhor...

Qual é o pior?

Arriscar atravessar a avenida e a barreira dos pombos para conversar com quem se ama, ou morrer com medo de amar?

Viver é ter coragem de amar amando.

Morrer é agonizar de dor à espera de uma declaração de amor, ou não amar por medo, enquanto se enterra no caixão do egoísmo.

Que barulho o Calebe fez em nossa consciência. Einh!??

Em Cristo, que não tem medo de nos amar.

Jairo Filho.

Fábio M. Mendes disse...

Texto enigmático... reflexivo... pós-moderno... pois, quem são os pombos? e o senhor? e o jovem? temos certeza somenten quanto às barrerias... e o desejo dos homens.

nos faz pensar! mto bom calebe.

Fábio M. Mendes disse...

Texto enigmático... reflexivo... pós-moderno... pois, quem são os pombos? e o senhor? e o jovem? temos certeza somente quanto às barreiras a serem transpostas... e quanto ao desejo dos homens.

nos faz pensar! mto bom calebe.

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