30.4.08

O que Jesus diria sobre o caso Isabella?

Quem não tem acompanhado o caso Isabella? A mídia nos tem bombardeado há mais de 1 mês com esse caso, acompanhando cada passo desse trágico e misterioso assassinato de uma menina de 5 anos jogada do 6º andar de um prédio. Segundo as notícias que recebemos da mídia, a polícia tem provas suficientes para indiciar o pai e a madrasta de Isabela por homicídio qualificado, mas os advogados do casal trabalham na hipótese de uma terceira pessoa no local do crime que teria assassinado a menina. E do jeito que a mídia conduz as notícias - interpretando o caso e nos induzindo a condenar o casal – houve uma comoção nacional fazendo a população se autojustificar dando seu veredito com sede de vingança e ódio.
Diante disso, o que Jesus diria sobre o caso Isabella? Em Mateus 5:21-26 lemos Jesus interpretando o espírito do mandamento “não matarás”. Jesus nos alerta que, para os religiosos, a interpretação desse mandamento reduzia o homicídio à morte física. Assim como nós, os religiosos enchiam seus corações de justiça própria – porque nunca mataram fisicamente ninguém - apontando o dedo condenatório na cara dos homicidas. Além disso, a maior motivação do coração dos religiosos em não matar ninguém fisicamente era o medo e a culpa de “quem matar estará sujeito a julgamento”. Então, o jeito dos religiosos reprimirem o homicídio era a punição. Mas esse tipo de repressão produz uma mudança falsa de fora para dentro.
Ao se deparar com esse quadro de interpretação da letra da lei, Jesus chega e acaba com essa incorreta versão religiosa da lei, interpretando e cumprindo o espírito da lei do jeito da vontade de Deus. Ao fazer isso, Jesus revela e desnuda o coração pecador do homem para transformá-lo verdadeiramente de dentro para fora. Jesus nos ensina que o homicídio é criado dentro do coração pecador antes de ser consumado de fato pelas mãos. E assim, todos nós, sem exceção, somos homicidas pela natureza de nosso coração pecaminoso.
Diante disso, Jesus diz que existem três maneiras de matar o próximo: (1) A ira mata – “Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento...” Este é o sentimento de ira que leva ao ódio. 2) A ofensa mata – “...e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal...” Esta é a ira expressa em violência verbal. (3) O desprezo mata – “e quem lhe chama: Tolo, estará sujeito ao fogo do inferno”. ( “Tolo” é o termo aramaico para desprezo, indiferença). Esta é a ira que exclui o próximo e cruza os braços deixando-o morrer agonizando de dor. Em resumo, Jesus diz que a ira, a ofensa e o desprezo matam a alma do próximo da mesma forma de quem mata o outro fisicamente. Porque, para Jesus, “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os...homicídios...” (Mc 7:21) quando excluímos o próximo da nossa vida ao ferir o seu coração com ira, ofensa e desprezo. Dessa forma, entendo que em muitos momentos nossa ira, ofensa e desprezo jogam muitas pessoas do 6º andar de nossas vidas.
Assim, ouso dizer que somos a terceira pessoa do caso Isabella quando nos justificamos ao condenar o casal com ódio e vingança. E ainda, quando nos esquecemos que, segundo Jesus, somos tão homicidas quanto quem joga uma criança do 6º andar. Perceba como Jesus nos leva a sondar nosso próprio coração para enxergarmos a nossa natureza pecaminosa de homicidas em potencial e nossa extrema carência de sua graça redentora.
É nesse momento que a graça de Cristo surge ao indicar uma solução para te libertar das grades do homicídio: (1) Se você tem jogado fora algumas pessoas da sua vida “deixe perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então voltando, faze a tua oferta” (Mt 5:24), porque sem reconciliação com teu irmão não há verdadeira adoração. (2) Ou se você é quem está sendo jogado fora da vida dos outros, “vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão.” (Mt 18:15). Ou seja, Jesus deseja a ressurreição daqueles que matam e/ou morrem na guerra dos relacionamentos. Cristo chama tanto o ofendido quanto ao ofensor a vencer o orgulho, tomando, cada um, a iniciativa de mostrar a outra face do perdão com a reconciliação. Ofereça o perdão que você recebeu de Deus perdoando e reconciliando-se com seu próximo. Imite a Cristo dizendo: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que estão fazendo” (Lc 23:34). Não deixe a reconciliação para amanhã se você pode fazer hoje. Amanhã pode ser tarde demais.

JAIRO FILHO 

Veja o texto na íntegra em: www.blogdojairofilho.blogspot.com

Um comentário:

Marcos Botelho do JV disse...

A necessidade de acharmos os vilões da nossa sociedade, alivia a nossa parte da culpa de assassinatos como este!

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