8.6.08

“E disse Pedro: Mestre, bom é estarmos aqui. Façamos Três tendas.”
Mc. 9:5ª

Antes do fato da transfiguração, Jesus havia ensinado a multidão e seus discípulos sobre sua morte e como se tornar um verdadeiro discípulo, ou seja, Ele demonstrou uma distinção entre ser multidão e ser discípulo, conseqüentemente, mostra o preço a ser pago.
No monte, os discípulos experimentam uma revelação sobrenatural. Experiência que os deixam aterrados. Diante daquele maravilhoso culto, embora a narrativa utilize-se da voz de Pedro, os discípulos têm uma incrível idéia: Vamos ficar aqui!
Enquanto isso, abaixo da montanha, acontecia uma situação diferente. Temos um pai desesperado, um jovem dominado por Satanás, uma multidão sem rumo, temos discípulos que não sabem o que fazer e um grupo de religiosos. O grupo de religiosos é alienado a dor do próximo e usa a situação somente como um elemento a ser discutido religiosamente e academicamente.
Cristo, que após receber toda confirmação não só de Elias e Moisés, mas principalmente do Pai, sobre quem Ele era e sobre sua missão, desce de uma atmosfera “extasiante” e segue para uma outra realidade, totalmente caótica, concentrando-se abaixo da montanha.

A proposta de Pedro é a proposta da acomodação, é a proposta da fuga do papel do discípulo. É muito mais do que fazer tendas e ficar na montanha, a proposta é fugir da negação de si e da tomada da cruz, é a tentação de reter a revelação e a benção da presença de Deus para si, sem se importar com a conjuntura social.
A réplica do Mestre é: “Vamos Descer. O nosso lugar é o povão, é o pai desesperado, é o jovem dominado pelo diabo, são os discípulos incrédulos, são os religiosos vazios de verdadeira espiritualidade. A minha igreja é como vento, não sabe de onde vem e nem para onde vai.”

A sugestão dos discípulos demonstra a essência da igreja local: “façamos tendas.” Em outras palavras: vamos ficar aqui no nosso gueto. Temos tudo o que precisamos: revelação, glória, paz, Cristo. Pra que sair? Pra que enfrentar o caos?
A resposta de Cristo é a compreensão máxima da revelação e confirmação do chamado de Deus. É a percepção de que o conhecimento de Deus só é válido se está se fazendo presente na sociedade.

Os discípulos pedem tendas na montanha.
Cristo pede a cruz entre o povo.

4 comentários:

Jairo Filho disse...

Quando a gente continua lendo o texto da transfiguração, lemos Jesus descendo do monte com seus discípulos, e quando chega lá em baixo, se depara com um endemoniado. Imagine se eles tivesses ficado nas tendas em cima do monte? Nunca aquele endemoniado seria curado.

Nós não podemos fazer tendas atrás dos púlpitos, internet, salas de aula, templos, programações, cultos, marchas, quarto etc.

Precisamos sair da zona de conforto e ir ao encontro do povão.

Como é bom ler alguém que entendeu o significado da encarnação do evangelho entre o povão...

Parabéns, Calebe.

Marcos Botelho do JV disse...

"Os discípulos pedem tendas na montanha.
Cristo pede a cruz entre o povo."

Se nao for para salvar, não ha o porque Deus se manifestar!

Jairo Filho disse...

"Os chassidim contam uma história sobre o segundo Rebe de Lubavitch (o "Mitteler" Rebe). Certa vez, ele estava tão concentrado em seus estudos que não escutou seu filho pequeno chorar. Mas o avô (Rebe Shneur Zalman de Liadi) ouviu, desceu as escadas, pegou o bebê no colo e ninou-o até que voltasse a dormir. Aproximou-se então de seu filho, ainda imerso nos livros, e disse: 'Meu filho, não sei o que você está estudando, mas se o deixa surdo ao choro de uma criança, não é a Torá'. Viver a vida da religiosidade é ouvir o lamento silente dos aflitos, solitários, marginalizados, pobres, doentes, impotentes - e responder."
fonte: www.pavablog.com

Fábio M. Mendes disse...

O monte é o lugar onde queremos estar, mas também onde não podemos estar!

Que Deus nos ajude!

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